"Não demore. Porque ele não para”
Em função da última série de artigos sobre planejamento para o ano de 2013, recebi alguns emails interessantes. Um deles me chamou a atenção em especial. Veio com uma pergunta provocativa. Quando escrevi que a nossa real missão e o nosso maior desafio é gerenciar os nossos recursos escassos, um leitor me escreveu com a seguinte questão: - Caro Marcelo, qual dos três recursos escassos (tempo, dinheiro e energia mental) você acha que deve ser o primeiro a ser bem administrado? Quero aprender a administrar melhor os três, mas não sei por onde começar.
Confesso que esta pergunta me roubou alguns minutos de sono. Por onde começar? Em qual dos três devemos errar menos em termos de administração? Qual deles será mais impiedoso se não o cuidarmos bem? Qual deles nos dará recompensas se for bem administrado? Boa questão...
Acabo de passar uns dias de férias, com alguns grandes amigos, em uma praia. Conversamos muito sobre as nossas vidas, os desafios do futuro, planos, frustrações e relacionamentos. Entre um vinho e outro, um jantar e outro, a sensação era de que o tempo era curto para colocarmos tudo em dia. E foi exatamente no meio de uma dessas conversas que decidi qual deveria ser a minha resposta ao email que recebi. Tempo. Sem sombra de dúvidas acredito que, dos três recursos, o tempo é o mais delicado e sensível. E merece ser o primeiro a ganhar a dedicação de uma pessoa para aprender a administrá-lo bem. Não que os outros não sejam igualmente relevantes, mas o tempo é o mais delicado e o mais “carente” de atenção.
O critério que usei para tomar esta decisão foi simples e fácil de compreender, embora eu já saiba de antemão que alguns não vão concordar comigo, visto que as questões financeiras dominam a pauta quando se fala de planejamento. Este critério chama-se perecibilidade. Dos três, o mais perecível é o tempo. Ele não volta atrás, não pode ser esticado, congelado ou relativizado. Ele é o que é. Corre rápido e deixa para trás coisas, pessoas e histórias, vividas ou não vividas. A única coisa que dá para fazer é contabilizar e analisar o seu uso depois que ele se foi. Só isso.
Conheço histórias de pessoas que perderam todo, ou grande parte, do dinheiro que tinham e conseguiram, com muito trabalho e dedicação, reconstruir tudo depois de algum tempo. O dinheiro é um recurso escasso, mas não é perecível. O mundo dá muitas voltas e as pessoas conseguem transitar entre o muito e o pouco, dependendo da forma como lida com ele. Pessoas que nasceram ricas podem morrer pobres e vice-versa. Mas uma coisa é fato, quem quer e trabalha forte, pode construir ou reconstruir um patrimônio financeiro.
Já a energia mental é um recurso dos mais renováveis que temos. Às vezes me sinto esgotado mentalmente, mas basta um final de semana com muito descanso e boas horas de sono e pronto. Estou zerado e com as baterias recarregadas. Nesses dias na praia então, nem se fala. Outras pessoas conseguem isso com exercícios físicos, meditação, lutas etc. Mas o fato é que esta energia é renovável, muito renovável.
Mas o tempo... ah o tempo. Este não tem jeito. Quem perdê-lo, dançou. Quem desperdiçá-lo, dançou. Quem zombar dele e não respeitá-lo, vai conhecer a sua fúria. Ele é imperdoável. Não tem dó de quem o usa erradamente. Dos três, é o mais escasso e perecível. Nunca mais você terá um dia como o de hoje. Amanhã será diferente, mas o hoje é único. E o pior (ou melhor) de tudo é que ele vai sendo descontado todo dia. Cada dia que passa é um dia a menos que temos para fazer a diferença no mundo, nas empresas e com as pessoas. Ninguém sabe quanto vai viver e isso, por si só, já deixa o tempo com esta prerrogativa de dono.
Pois bem, pense no assunto e decida. Tome boas decisões em relação ao seu tempo e nunca se esqueça que ele não volta. Viva bem o seu (único) ano de 2013. Não haverá outro.