"A vida corrida não pode ser usada como álibi” (Walter Longo)
Nesta semana que passou eu tive a honra de participar de um debate em São Paulo com três pessoas fantásticas. Walter Longo (www.walterlongo.com.br), que dispensa apresentação, Jean Bartoli (www.jeanbartoli.com.br), um filósofo francês fantástico e de grande sabedoria, e com Zanna (www.zanna.net), música e que trabalha com Sound Branding, uma inovação na gestão de marcas. A conversa foi mediada pelo grande Jaime Troiano, do grupo Troiano de Branding, uma pessoa iluminada e de um carisma sem igual. O tema da conversa era “A vida sem parar”. Duas horas se passaram sem ninguém notar. Desde o começo, as opiniões começaram a se confrontar (no bom sentido) e pudemos ir fundo nessa questão e nas perguntas a serem respondidas: O mundo atual tem solução? O tempo está passando mais rápido? As pessoas são escravas do relógio atualmente? A vida nas grandes cidades é boa ou ruim? Será que a falta de tempo está fazendo com que as pessoas se tornem mais egoístas? A gentileza desapareceu em função da correria do dia a dia?
A primeira tese defendida pelo grande Jean Bartoli foi que estamos sofrendo da “Síndrome da esteira”. Corremos e corremos sem sairmos do lugar. Este capitalismo sem controle está dizimando a percepção do tempo, das pessoas e da confiança, tanto na vida pessoal como nas organizações. Já a Zanna puxou a discussão para a falta de percepção que temos de nós mesmos e do outro. Segundo ela, a pressa e a tecnologia têm feito com que as pessoas não se interiorizem mais. Usando uma de suas frases, “as pessoas estão se digitalizando”.
Enquanto os ouvia, consolidei a minha opinião sobre o tema. Quando falei, deixei claro que a minha visão era um pouco diferente e mais positiva em relação à chamada “vida sem parar”. Além de gostar muito de uma vida corrida (quem me conhece sabe da minha jornada diária de três turnos há anos), defendi que o momento histórico atual é um dos mais ricos em oportunidades dos últimos tempos. E isso tem permitido que qualquer pessoa, independente da classe social em que tenha nascido, tenha condições de ascender profissionalmente. E isso, aliado à tecnologia e às novas formas de comunicação, tem feito com que possamos fazer mais coisas ao mesmo tempo e em menos tempo. Em outras palavras, o que nos tem feito correr mais são as oportunidades e não uma imposição do mundo moderno. Até porque as pessoas têm o direito de mudarem as suas vidas e buscarem uma rotina mais tranquila e menos corrida, desde que abram mão de algumas coisas da vida moderna (“cada escolha, uma renúncia”). Mas a minha visão é de que a vida corrida não é um mal. Muito pelo contrário.
Quando o Walter colocou o seu ponto de vista, tocou de forma brilhante em um equívoco que as pessoas cometem hoje ao misturarem vida corrida com desculpas para não fazerem o que gostariam de fazer (ou deveriam fazer). Segundo ele, a vida corrida é ótima e nos torna mais criativos e produtivos. A tecnologia também é ótima, porque nos deixa mais conectados com o mundo e com as pessoas. A falta de simpatia, autoconhecimento, gentileza e proximidade com os outros são coisas diferentes. A frase brilhante que abre este texto sintetiza a sua opinião, a qual achei perfeita. Usar a vida corrida como álibi para as nossas incompetências na gestão do tempo e dos relacionamentos é um erro. Usar a falta de tempo como desculpa para não ler um livro, não encontrar um amigo e bater um papo, não cuidar do corpo, não se atualizar na sua área ou ser mal educado na rua ou com um colega de trabalho, é procurar uma desculpa para justificar o que é injustificável.
Aprendi muito nessas duas horas de debate. E aqui deixo uma reflexão para esta semana. Até que ponto você não está usando a vida corrida, que todos temos em maior ou menor grau, como álibi para não fazer coisas que pode e deve fazer? Será mesmo que você é escravo do tempo ou não está sabendo gerenciá-lo? Até o próximo!