"Cada um deve escolher a sua válvula de escape”
O mundo atual testa a nossa paciência dez vezes ao dia. A correria, o estresse, a pressão por resultados e o excesso do que fazer tem transformado as pessoas em verdadeiros barris de pólvora. Nunca vi tanta gente pronta para explodir como nos dias atuais. Transito em vários grupos e converso com pessoas de diferentes profissões, idades, estilos de vida e que vivem em diferentes regiões do país e do mundo. Até os meus amigos que moram bem pertinho da praia (uma bela válvula de escape) estão estressados como nunca estiveram. Todo mundo querendo matar alguém. Chefes, maridos, esposas, colegas de trabalho, vizinhos barulhentos e parceiros de negócio são os alvos prediletos. Independente de merecerem ou não, o fato é que esta bomba relógio invadiu a nossa vida. Quanto mais tecnologia, mais trabalhamos. Quanto mais crescemos na carreira, mais somos exigidos. Nunca estão satisfeitos com o que fazemos. Uma loucura aparentemente inexplicável. Por que será que há tanta gente hoje prestes a explodir? Por que tanta pressão? Será que este modelo de sociedade está condenado ao fracasso? Até a minha filha (de 6 anos) há duas semanas me disse: - Pai, eu não sei pra que existe dinheiro. A gente deveria pagar tudo com amor. Fiquei assustado com o que a levou a concluir isso, mas orgulhoso pela sensibilidade precoce. Pois é, ela nem imagina o que a espera no futuro. E é melhor que só descubra na hora certa.
Este cenário tem feito com que muitos profissionais tenham se debatido com a questão do equilíbrio emocional, uma importante competência comportamental que ainda não tratei aqui neste espaço. Esta competência tem sido muito discutida nas organizações e tem como definição a capacidade de trabalhar sob pressão, sem perder o controle, a agilidade e o foco no resultado a ser atingido. A falta dela tem gerado muitos conflitos e muita improdutividade nas empresas, que estão cheias de pessoas descontroladas, que explodem e criam um clima ruim com suas equipes, seus pares e até mesmo com seus chefes. Atitudes e palavras rudes, mal educadas e grossas, têm destruído o clima de trabalho em vários endereços. De multinacionais centenárias a empresas familiares pequenas, este mal tem gerado, inclusive, um monte de processos judiciais por assédio moral. Não conheço ninguém que não tenha um caso próximo para contar.
Nas minhas aulas sobre competências empresariais e planejamento de carreira, os alunos relatam casos inacreditáveis. E também assumem que estão com os nervos à flor da pele e bem perto de chutarem uma canela próxima. Ou seja, este é um problema real e bem sério.
A pergunta que fica para todos nós, pobres mortais, é: - O que posso fazer para manter o meu controle emocional? Tenho lido bastante sobre isso e conversado muito com profissionais da área da psicologia. E não há nem de longe um consenso sobre o caminho. Mas, depois de ouvir muitas opiniões, concluo que, de fato, não deve haver mesmo uma fórmula que sirva para todos. Mas cada um de nós precisa encontrar a sua válvula de escape para descarregar as energias ruins que vão se acumulando ao longo do dia ou da semana. Isso é consenso. Todos precisam de um momento de “descarrego”. Corrida, ioga, bicicleta, massagem, boxe, música e por aí vai. Cada pessoa deve encontrar a atividade que a faça, com certa frequência, descarregar esta energia e esta tensão que vão se acumulando com a pressão e os problemas do dia a dia. O que não dá mesmo é para acumular isso tudo até o ponto em que o balde enche e o primeiro que está na frente vira saco da pancada, às vezes sem merecer.
No próximo artigo quero aprofundar neste assunto e deixar uma dica ótima para quem já tomou decisões erradas por estar emocionalmente descontrolado(a). Até lá!