"Se aos fracos premio, fracos atraio”
Já tratei do assunto meritocracia antes aqui neste espaço. Aliás, com muita ênfase e bem no começo dessa jornada que temos aqui nas discussões sobre carreira e sucesso. Sempre defendi e continuo defendendo que no curto prazo tudo funciona, mas no médio e longo prazos, o trabalho sério e a dedicação serão sempre premiados. É assim no esporte, na literatura, nas artes e no mundo empresarial.
Mas hoje esta palavra mágica, que exige uma certa dose de fé para ser incorporada no nosso dia a dia, e que é a responsável pelo sucesso de qualquer profissional no médio e longo prazos, ganha um peso extraordinário para quem quer desenvolver a competência liderança.
Para incorporá-la na nossa discussão sobre liderança e deixar clara a minha posição sobre a importância de um líder premiar sempre a meritocracia e agir com imparcialidade, quero que você imagine a seguinte história. Um líder tem uma equipe de remadores e um barco. Exercendo a sua liderança, este líder comunica claramente e de forma eficaz e convincente a direção a ser seguida pelo barco. Todos os seus liderados, remadores, entram no barco e começam a remar forte nessa direção. O líder soube como ninguém alinhar a sua equipe e todos sabem exatamente o que fazer. Os remadores também sabem que ao final dessa jornada, provavelmente um deles será premiado com uma promoção. Este escolhido será o líder de um novo barco que está em construção. Todos querem esta vaga. Uns mais que outros, mas em geral todos querem crescer nesta equipe.
Bom, ao longo dessa jornada, o líder se descuida por vários momentos e deixa de observar de perto como está o trabalho da sua equipe de remadores. Portanto não vê que um deles está mais acomodado do que os demais. Rema sem a força e sem o entusiasmo que poderia e muito abaixo dos demais. Trata-se de um membro até bem qualificado, com potencial, mas que neste projeto não está dando o seu máximo e o líder não vê isso. Só que todos os colegas da equipe estão vendo. Alguns até comentam entre si e um ou outro chega ao ponto de reclamar com o “sem dedicação” e pede para que ele reme mais forte, como todos estão fazendo. Ele nem dá bolas, até porque o líder não está vendo mesmo. E assim segue a jornada desta equipe. Uns remando forte, outros um pouco menos e alguns poucos sem entregar o que poderiam e deveriam para a equipe.
No final, o líder agradece a todos pela meta atingida. A equipe chega ao seu destino no tempo previsto e está tudo certo. O líder então decide dar uma notícia à equipe e anuncia que um novo barco acaba de ficar pronto e que o novo líder está definido. Diz que ele pertence a esta equipe e anuncia o remador que passou toda esta jornada nas costas dos outros. Exatamente aquele que a equipe estava comentando e reclamando que não estava dando o seu melhor. Ao anunciar isso, todos olham para o líder com cara de decepção e desconforto, coisa que ele nem nota ou acha que se trata apenas de ciúmes bobos por parte de quem não foi escolhido. – Isso é normal, pensa o líder. – Não dá para agradar a todos.
Em seguida, o líder pede que todos subam de novo no barco para iniciarem outra jornada. E eu, caro leitor, pergunto a você: Como você acha que esta equipe vai se comportar nessa próxima jornada? E na próxima? E na próxima?
Pronto. Acabei. Tire as suas conclusões e me diga o que acontece com uma equipe onde o líder não premia a meritocracia e não age com imparcialidade. Eu já sei o que acontece e já vi isso várias vezes. O que acontece é o seguinte: Instala-se nessa equipe o que chamo de “pacto da mediocridade”. Por que as pessoas vão dar o seu melhor, se no final, o que vai ser premiado é outra coisa que não é o resultado? Os melhores dessa equipe vão embora ou vão se acomodar e esta equipe estará fadada ao fracasso. Até o próximo!