Artigo 66 – A essência da Liderança – parte II

por Marcelo Veras | 11 de jul de 2012

"É a capacidade de alinhamento, e não outra coisa, que define um grande líder”

No artigo anterior você ficou com um “dever de casa”. Pensar no que deve ser a real essência da liderança. Quem estava certo? Os que defendiam o perfil de um líder forte e duro, na década de 1990, ou os que defendem atualmente o perfil do líder servidor? Será mesmo possível que a essência da liderança mude de forma tão radical em menos de duas décadas? Claro que não. O perfil de liderança “vendido” e desejado naquela situação era o necessário para dar um choque de gestão nas empresas brasileiras após a abertura do mercado. Atualmente, O perfil de líder vendido, também tem influência do momento histórico, econômico e social que vivemos. Mas definitivamente acho que este estereótipo de líder servidor que muitos acreditam e seguem tem mais casca do que conteúdo. Eu mesmo já vi muita gente se dar mal ao tentar liderar uma equipe com este discurso humilde de “Estou aqui para servir vocês”. Nunca faça isso. Pelo menos até ler toda esta série que iniciei no artigo anterior.

Vamos começar por uma pergunta que faço aos meus alunos, logo de cara, quando estamos iniciando as discussões sobre a competência liderança. Eu peço para que escrevam, de acordo com os seus critérios, quem foram os dois maiores líderes que a humanidade já teve. Faça isso também. Pare agora e pense um pouco.

Bom, os nomes mais citados são: Jesus Cristo, Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Adolf Hitler, Nelson Mandela, entre outros. Estes nomes são sempre uma unanimidade entre os alunos. Vários citam Jesus Cristo e Hitler como seus dois nomes escolhidos. Veja que curioso, caro leitor, Jesus Cristo e Hitler. Duas pessoas completamente diferentes, com personalidades completamente diferentes, que viveram em épocas completamente diferentes e que lutaram por causas também completamente diferentes. Um queria a paz, a igualdade, a tolerância e usava como principal ferramenta a voz e o exemplo. O outro, queria aniquilar um povo, conquistar o mundo, pregava a intolerância e usava bala e monóxido de carbono para matar milhões de judeus. Uma coisa á fato. Ambos foram grandes líderes. Agora pare e pense. O que, na sua opinião, estes dois grandes líderes têm em comum? A resposta é simples e está na frase de destaque deste artigo. O elo que os liga, bem como aos demais citados, é a capacidade que tiveram de mobilizar pessoas para uma causa. A capacidade de alinhar pessoas em uma direção e fazê-las seguir este caminho, acreditando que é o caminho correto. Isso tem um nome: Alinhamento. Não interessa a causa, o estilo, a personalidade ou os meios usados para convencer as pessoas. O que importa, no final das contas, é a capacidade de alinhamento. É isso que caracteriza um grande líder. Se este exemplo basta e lhe convence, nunca, mas nunca mesmo, leia qualquer livro sobre liderança que tente vender um perfil ou estilo de líder definido. Isso é falso e quem seguir estes modelos enlatados nunca vai chegar lá. Quer aprender a ser um líder? Leia mais as “biografias” das pessoas citadas anteriormente e menos livros sobre perfis de liderança. Não há perfil. Não há estilo de personalidade. O que importa, mais uma vez, é a capacidade de alinhamento. Autenticidade é, portanto, a primeiro requisito básico para se tornar um grande líder. Pessoas falsas, que fingem serem o que não são e que encenam o tempo todo, nunca chegarão a uma posição de liderança. E se chegarem, cairão bem rápido. Ninguém vai seguir um líder que não inspire confiança, mesmo que a causa seja maravilhosa.

No próximo, vamos mergulhar nos atributos e atitudes que você precisa desenvolver para conseguir alinhar pessoas e desenvolver a sua liderança. A jornada está só começando. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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