Artigo 63 – Visão global e repertório

por Marcelo Veras | 19 de jun de 2012

"Pessoas interessantes têm empregabilidade maior”

Um dia um aluno provocou um professor que conheço em sala de aula. Pediu para que ele criasse um título para uma campanha publicitária de um produto que o aluno pensou na hora. Caso típico de jovens que gostam de desafiar seus professores. O professor deu um título - fantástico. A sala inteira ficou boquiaberta e o aluno provocador perguntou: - Mas professor, como você criou isso em 1 minuto. A resposta do professor:- Eu não criei isso em um minuto. Eu criei isso em 42 anos, 3 meses e alguns dias. Esta era a sua idade. Esta foi uma das respostas mais inteligentes que já ouvi ser dada. E toca no ponto que quero discutir hoje – Visão global, repertório, histórias, experiências.

Se você parar para pensar, das inúmeras pessoas que passam pela nossa vida durante os anos, poucas deixam uma marca. Poucas nos despertam o interesse em nos relacionarmos de forma mais próxima e com poucas a gente constrói um relacionamento mais duradouro. As que ficam e marcam presença são aquelas de certa forma se mostraram pessoas interessantes e com quem temos vontade de ficar horas batendo papo. É lógico que o conceito de interessante é muito pessoal e particular, mas em geral pessoas interessantes são aquelas que possuem uma experiência de vida rica. Em outras palavras, pessoas que têm histórias para contar.

Portanto, mesmo sabendo (e respeitando) que o conceito de interessante é pessoal, defendo a tese de que as pessoas mais interessantes são aquelas com uma visão ampla do mundo, das coisas e das pessoas. Mesmo que ela seja altamente especialista em uma área de conhecimento, uma pessoa deve ter repertório. Quanto mais experiências de vida e conhecimento amplo, mais interessante é uma pessoa.

Tenho tratado muito deste tema nas minhas aulas sobre uma das competências gerenciais que, na minha visão, tem um poder enorme de tirar uma pessoa da vala comum e a diferenciar dos seus pares na empresa e no mercado. Trata-se da competência Visão Global. Ela foi citada e valorizada na pesquisa com líderes empresariais e tida como um forte diferencial atualmente no mercado.

Pare e pense um pouco. Lembre-se das pessoas com quem você convive e conviveu durante toda a sua carreira. De quais você praticamente se esqueceu? Quais estão na sua mente até hoje? Quais passaram a fazer parte da sua vida, seja como amigo ou colega que se encontra algumas vezes ao ano? Pois bem, o que estas pessoas têm em comum? Provavelmente, com raras exceções, as pessoas mais interessantes foram as que lhe disseram as coisas mais interessantes, contaram experiências interessantes ou que lhe acrescentaram algum conhecimento que você não tinha e que lhe foi útil. Certo? Provavelmente sim.

Não é tão difícil comprar esta ideia. Mas o ponto novo que quero tocar aqui é que esta competência tem sido fator de diferenciação entre profissionais. Não é à toa que vários processos seletivos e entrevistas de emprego tocam neste tema. Conheço vários entrevistadores que sempre pedem aos seus entrevistados: - Conta um pouco das suas experiências pessoais recentes. Não à toa também que os entrevistadores querem saber sobre trabalhos voluntários, experiências de viagens ou qual foi o último livro lido pelos candidatos. Isso mostra, na visão de quem emprega, muito mais do que conhecimento. Esta busca pela visão global torna um profissional mais aberto ao novo, mais preparado para mudanças e mais “antenado” com o que ocorre no mundo. E isso, por fim, resulta em melhores resultados profissionais.

No próximo artigo eu vou dar algumas dicas de como você pode, de maneira simples, iniciar ou aperfeiçoar o desenvolvimento desta competência e se diferenciar dos seus concorrentes. Até lá!

por Marcelo Veras
compartilhar