"É melhor ter sempre um craque no time, mesmo que por alguns jogos"
Oportunidades de crescimento. Hoje quero posicionar a lupa sobre este. De dez em cada dez jovens talentosos com os quais converso sobre o que uma empresa deve ter para atraí-lo(a), ouço o termo: “Eu quero estar em um lugar que dê oportunidades de crescimento”.
Ao mesmo tempo, ao conversar com profissionais de RH e com os meus colegas que gerenciam ou dirigem grandes empresas, já escuto o seguinte: “Não dá! Essa turma chega hoje e já quer crescer amanhã. Eles (os talentos) não têm paciência. Querem tudo pra ontem e não querem esperar pelas oportunidades e, menos ainda, aceitam esperar para se prepararem melhor para elas”.
Vejam que dilema. E o pior que ambos têm a sua dose de razão e de legitimidade. Não é fácil gerar oportunidades do dia pra noite em uma empresa, assim como não é fácil para uma pessoa talentosa ficar esperando muito para ter a sua chance de sair do banco e entrar em campo. Asestruturas estão muito enxutas. Não há “lacunas” disponíveis nas estruturas das empresas para gerar oportunidades no volume em que seria necessário para saciar a fome dessa galera “Hight Potential”. E o resultado dessa falta de sintonia é pior do que o problema em si. Sei de empresas que deixam de contratar alguém quando percebem que a pessoa é tão competente, mas tão competente, que se for contratada tem tudo para se encontrar infeliz em 6 meses e acabar saindo por falta de oportunidades. Já ouvi muito a frase: “Essa pessoa é boa demais para o que estamos precisando no momento”. Meu Deus! Veja que miopia. Tem algo de muito errado em não contratar um sujeito porque ele é bom demais. E quer saber até o que isso pode esconder? Dependendo do perfil da liderança nesta empresa, ter pessoas muito competentes pode significar uma ameaça aos que ali estão. Aí a coisa é mais feia ainda. Porque “Narciso só gosta do que é espelho” e a lei da atração vira uma anomalia: pessoas incompetentes se cercam de pessoas incompetentes, até para não serem ameaçadas.
Mas, tirando fora da conversa estes casos extremos, o desafio hoje é claro. Como fazer para gerar oportunidades de crescimento para que pessoas talentosas queiram estar comigo na minha empresa? Na minha visão, um padrão de análise e comportamento precisa ser quebrado. Pensar que gerar oportunidades é apenas ter condições de promover pessoas em espaços de tempo cada vez menores, não é o caminho. A rota para se sair dessa antiga estrada é uma via bem sinalizada: Projetos. Isso mesmo, projetos. Nenhuma empresa – obrigatoriamente – poderá ter cargos e espaço para promover todos os seus talentos, mas todas podem criar um “banco de projetos” para desafiarem e criarem as condições para que as pessoas engenhosas enxerguem que ali terão desafios contínuos e interessantes. A palavra crescimento, sobretudo para os mais jovens, tem este significado também. Elas querem participar de projetos desafiantes e que possam lhes gerar novas experiências e conhecimentos.
Outro ponto que trava esta rota é o argumento do tipo “Esta pessoa é muito boa, mas não vai ficar muito tempo aqui. Então prefiro não contratar”. Errado também. Neste novo mundo, as relações são mais efêmeras. As pessoas querem viver uma experiência enquanto ela for legal, e não necessariamente por muito tempo. Mais eu ainda prefiro ter um craque no meu time, mesmo que por meia temporada. O que preciso fazer é utilizar o máximo do talento dessa pessoa enquanto ela estiver comigo e ter consciência de que ela poderá ir embora a fim de trilhar novos desafios. No fim, o Vinícius de Moraes é que está certo: “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Inove na gestão de talentos. Crie projetos para recebê-los. E saiba que alguns ficarão pouco tempo. Mas é melhor tê-los por pouco tempo do que nunca. Até o próximo!