"Quer atrair talentos, tenha na sua empresa líderes que criem as condições"
No artigo anterior, desfraldei as bandeiras de dois grandes desafios de qualquer empresa atual – o de atrair e o de manter talentos. Deixei clara a minha opinião de que as estratégias, hoje, utilizadas pelas empresas têm fugido de um confronto tão novo quanto necessário, que é o de personalizar as relações. De fazer com que pessoas inspirem pessoas e que relações pessoais seja o real instrumento de atração e de retenção de bons profissionais. A maioria das empresas anda padecendo de certa miopia em relação a esse advento e continua batendo na tecla de que a marca corporativa deve ser o pilar dessa manutenção de mão-de-obra, acompanhada de programas que já viraram commodities. Grande erro, cometido inclusive por empresas centenárias, que ainda acham que alguém - hoje em dia - vai ficar engolindo sapo ou participando de pactos de mediocridade em equipes com péssimos líderes só para poderem publicar nas redes sociais que trabalham na “grande” empresa X ou Y. Isso acabou faz tempo. As pessoas hoje, sobretudo as mais jovens, querem outras coisas e valorizam outras coisas na hora de escolherem onde vão trabalhar. Obviamente, estou falando dos grandes talentos. Candidatos existem aos montes, mas pessoas talentosas viraram a agulha do palheiro para muitas empresas. Não está fácil atrair os melhores. Para estes, existe um salário indireto que poucas empresas estão dispostas a pagar (ou saberiam como pagar). Não se trata apenas de dinheiro ou de benefícios. Para as pessoas acima da média, uma empresa tem que ter mais do que uma marca corporativa, uma tradição ou prover uma boa remuneração.
Há mais de 15 anos convivo e ajudo a formar alguns grandes profissionais. Converso com alunos e ex-alunos quase diariamente. Transito nesse mercado de idas e vindas de grandes empresas e posso dizer que conheço bem anseios e demandas dessa tribo. O que eles me dizem, quase todos os dias, é que buscam em uma empresa basicamente três coisas:
Embora não se trate de uma pesquisa formal, posso dizer que esta é a minha síntese de tudo o que ouço há anos de profissionais talentosos e de grande potencial.
Estes três ingredientes são bem difíceis de serem equacionados, concordo. Trata-se de três demandas legítimas, mas difíceis de se tornarem garantias para qualquer profissional. Mas, apenas um deles - o primeiro - tem uma forte componente incontrolável. Gerar oportunidades de crescimento profissional depende de diversas variáveis e muitos delas não dependem exclusivamente da empresa ou da vontade de seus líderes. Entretanto, os dois últimos estão, esses sim, literalmente nas mãos dos líderes. Eu diria até que eles praticamente independem da empresa e de suas políticas. E tocam no ponto que, na minha visão, é o cerne da nova visão de atração de talentos – as relações pessoais. Estes dois ingredientes dependem quase que exclusivamente das relações pessoais entre o profissional, seu futuro chefe e seus pares. E é aqui que a maioria das empresas peca. Não sabem ou não conseguem colocar nas posições de liderança pessoas que consigam criar um ambiente atrativo para talentos.
Portanto, não tenho o menor pudor em afirmar que se na sua empresa as pessoas competentes vão embora sem grandes pesares e a capacidade de atração de talentos anda tão baixa quanto a credibilidade dos políticos brasileiros, a culpa é de quem está nas posições de liderança. Aprofundarei a discussão no próximo artigo. Até lá!