Você deve ter lido o título e pensado: O que esse idiota está falando? Num momento histórico onde não se fala em outra coisa, vem esse cara dizer que diversidade não serve para nada. Como assim? Pois bem, o título é provocador mesmo. Aliás, provocar é um dos meus primeiros objetivos desde que comecei a escrever semanalmente. Só a provocações nos fazem pensar. E pensar, é e continuará sendo, a maior maravilha do ser humano.
Não preciso repetir aqui que amo a nossa língua e tenho um enorme respeito ao significado das palavras. Como disse antes, a diversidade está na boca do povo. Das universidades às empresas, não se fala em outra coisa. Tenho acompanhado de perto o movimento. Nas minhas salas de aula e nos grupos de executivos que participo, o tema borbulha. Empresas com verdadeiras áreas para cuidarem e promoverem a diversidade. Comitês de trabalho, campanhas, revisão de processos seletivos, entre outras ações, buscam tornar os ambientes mais diversos. E é aí que mora o meu incômodo.
Se formos ao dicionário para checar o real significado da diversidade não teremos nenhuma dúvida de que a diversidade é apenas, e tão somente, um ponto de partida. Ela, por si só, não produz nada, absolutamente nada. Um ambiente com diversidade é um ambiente onde diferentes perfis de pessoas estão ali. Diferentes etnias, religiões, orientações sexuais, idades, visões políticas, etc. Isso é diversidade. Fica lindo para contar em entrevistas, tirar foto para colocar nas campanhas da empresa. Mas, repito, não serve para muito mais do que isso.
O termo que, na minha humilde visão, deveria ser trabalhado e que deveria estar brilhando mais é “inclusão”. Este sim pode revolucionar, no bom sentido, um ambiente, uma organização e, no limite, um país. Vamos de novo ao dicionário ver o que significa “inclusão”? Aí sim. Incluir é dar voz, poder de decisão, protagonismo. Isso sim produz resultados. Como gosto de dizer, “diversidade é convidar para a festa. Inclusão é chamar para dançar”. Conheço muitos ambientes que promovem a diversidade, mas não a inclusão. Repito, de que adianta ter um time com diversidade se a diversidade não tem voz (ou tem voz limitada)? Concorda ou não?
Veja, você pode até me questionar e dizer que o processo começa com a diversidade. Nisso eu concordo. Mas acho que o termo “diversidade” tem sido tratado com certo descuido. Descuido com o real significado de cada coisa. Esse descuido tem levado pessoas a promoverem algo que, por si só, não tem efeito prático.
Se você tem uma equipe ou trabalha no RH da sua empresa, me permita lhe fazer uma pergunta provocativa: Será que você não deveria promover mais a inclusão do que a diversidade? Será que as pessoas que foram chamadas para a festa, em função da diversidade, estão sendo chamadas para dançar? Se estão, parabéns! Se não estão, prepare-se para, além de não colher bons resultados, de ver uma frustração enorme das pessoas que estão ali só para aparecer na foto. Diversidade sem inclusão é uma Ferrari com motor de Fusca. Até o próximo!