Neste último texto da série “o caminho do meio”, vamos a mais um território onde os extremos não têm se sustentado – o das séries de TV.
Já faz alguns anos que elas caíram no gosto de muita gente (e do meu!). O termo “maratonar” nunca foi tão usado, ao se referir às longas jornadas num sofá engolindo uma série de TV. Com a chegada da Netflix, então, nem se fala. Tenho aqui devidamente contabilizadas 49 séries às quais assisti. Nem me atrevo a contar as horas que fiquei na telinha. De séries longas, como Walking Dead, Homeland, Game of Thrones, House of Cards, The Tudors, entre outras, até séries mais curtas, como Roma, Narcos, Louva Deus, El Chapo, The Sinner, Parfum, Chernobyl e Spy. Portanto, me sinto gabaritado para dizer que, sem sombra de dúvidas, existe um tamanho ideal para uma série.
Algumas das que citei anteriormente, eu simplesmente abandonei. E conheço várias pessoas que fizeram o mesmo. Walking Dead e Homeland são duas emblemáticas. Séries que começam bem, nos prendem até certo ponto e depois, simplesmente, cansam. No caso de Walking Dead, os caras definitivamente se perderam. Chega uma hora que você só pensa: por que isso não acaba? O mesmo digo para Homeland, que depois que o protagonista morre e tentam criar outro, também se perdem e as pessoas simplesmente se cansam. Sei que há exceções, mas com quem converso a sensação é a mesma: tem série que se perde. Algumas, como Friends e Gray´s Anatomy, que são bem longas, mas que trazem episódios “quase” independentes, ainda fazem sucesso.
Com diz o nosso mestre em Storytelling, Max Franco, a jornada do herói é maravilhosa, mas tem que acabar. Uma hora o herói tem que entregar o seu elixir e a conversa tem que acabar. Hércules teve seus 12 trabalhos, e não 120. Ulisses, anos depois, retorna para Ítaca. Os ciclos precisam se fechar na vida e nas ficções. Aliás, o que na vida não tem fim? Por que uma série de TV tem que insistir em uma história que não tem mais nada a contar?
Como um processo evolutivo, essa ficha está, ao meu ver, começando a cair na cabeça dos times de roteiristas. Tanto é que, agora, pipocam séries com 8 episódios, algumas até chamadas de mini séries. Uma história nem tão curta que caiba em um filme de 2h, nem tão longa que dure 10 temporadas e se perca. Início, meio e fim. Ciclo fechado, história finalizada e ponto final. Sente o cheiro de algo aqui? O caminho do meio...
Veja, em qualquer dimensão da vida que quisermos analisar veremos que existe uma dose certa para tudo. Já vimos aqui as mazelas dos extremos na política, nas religiões, no tamanho das turmas em uma escola, na renda pessoal, no tempo de reclusão de bandidos, entre outros. Todos, sem exceção, mostram que existe a dose certa. Abaixo dela, problemas. Acima delas, também. No caso das séries de TV, mais uma vez o tempo mostra que os extremos não funcionam.
Portanto, encerro aqui esta reflexão deixando, mais uma vez, o meu aprendizado ao longo da vida e da carreira, e que procuro recomendar a todos: busque sempre o equilíbrio nas suas ações, decisões e posturas. Toda vez que tiver em uma situação onde algum extremo seja proposto, saiba que ele não vai parar em pé. Poderá até funcionar num primeiro momento, mas não vai parar de pé. Até o próximo!