E vamos nós para mais uma reflexão desta série “O caminho do meio”. Desta vez, vamos analisar uma questão relevante da Educação – o tamanho das turmas em uma escola. No seu fantástico livro “David e Golias” (Ed. Sextante, 2014), Malcolm Gladwell traz uma análise muito interessante sobre o tema. Em um capítulo inteiro, ele analisa estudos que tratam sobre o tamanho ideal de uma turma na Educação básica. 10 alunos, 20, 30, 40? Qual é o melhor tamanho de turma? São comparados dados de diversos países em relação ao desempenho escolar e custo por aluno por ano em cada um dos cenários. Adivinha qual é a conclusão? Isso mesmo: o caminho do meio.
Neste caso, apresenta-se a já citada aqui “curva em U invertido”, ou seja, um gráfico que mostra claramente que um indicador sobe até certo ponto e depois começa a cair. Aqui a variável é o desempenho escolar. Turmas muito pequenas ou muito grandes apresentam um desempenho escolar menor. Abaixo de 18 alunos por turma, pouca diversidade, intimidade demais, pouca independência entre os alunos, entre outros pontos que prejudicam os resultados. Com 18 ou 24 alunos (tamanhos considerados ideais), nenhum aluno se sente vulnerável e ao mesmo tempo todos podem se sentir importantes. Existem aí diferentes graus de intimidade e o professor consegue ter acesso a cada um individualmente quando necessário. Haveria também um bom nível de diversidade e grau de interação razoável e não demasiado. Acima disso, com 30 alunos por exemplo, começam a se enfraquecer as conexões e os professores, por mais carismáticos que sejam, apresentam dificuldades em sustentar a magia da experiência educacional.
Como a fonte de vida de uma turma é, em partes, a discussão, isso precisa de certa massa crítica para funcionar. Por outro lado, alunos demais em uma turma mata qualquer possibilidade de interação e troca mais profunda, segundo os estudos.
Pois bem, aqui estamos diante de mais uma dimensão da nossa vida onde, mais uma vez, os extremos são piores do que os meios. Já tratei aqui de política, religião, dinheiro e agora Educação. Em todos estes casos, o caminho do meio se mostra sempre o melhor. E ainda vem mais...
Ao longo desta série, recebi alguns contatos de leitores. Alguns se questionando se o caminho do meio não nos leva ao comodismo, ao tédio ou, até mesmo, à mediocridade. Creio que não. Muito pelo contrário, quanto mais vivo experiências e acumulo cabelos brancos, mais percebo que precisamos buscar o equilíbrio em nossas ações, posições e escolhas. Não um equilíbrio medroso ou em cima do muro, mas decisões que se sustentem em pé no curto, médio e longo prazos.
E na carreira, novamente, não é diferente. Se você tiver essa dúvida, sugiro que faça uma coisa: entreviste algumas pessoas que já estejam em fase avançada de carreira e com relativo sucesso, e pergunte sobre a sua jornada. Pergunte quais foram as decisões mais sábias e mais efetivas. Com uma ou outra exceção, verá claramente o impacto positivo de decisões equilibradas.
O caminho do meio não significa “não decidir”. Não significa “se esquivar”. Significa encontrar o caminho da sustentabilidade. Até o próximo!