Em mais uma reflexão desta série “O caminho do meio”, quero trazer algumas informações de estudos recentes sobre dinheiro x felicidade. Mas antes disso, vamos qualificar o termo “felicidade”. Se formos aos dicionários, veremos diferentes definições, de “um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio” a “equilíbrio e harmonia praticando o bem”. Nem me atrevo aqui a opinar sobre as diferentes correntes. Mas o fato é que o tema é relativamente novo, considerando, obviamente, toda a história da humanidade.
Desde Freud, no início do século passado, passando pelas teorias comportamentalistas do pós-guerra e chegando à chamada psicologia positiva, que teve como pioneiro o Dr. Martin Seligman, há cerca de 20 anos, o interesse pelo tema só cresce. Em maior ou menor grau, todos querem saber o que é essa tal felicidade e como alcançá-la. Hoje, existe um (quase) consenso entre os cientistas de que felicidade é “um bem-estar subjetivo e individual”. Em outras palavras, algo difícil de definir (subjetivo) e que cada um experimenta de uma forma diferente (individual). Gosto mais dessa linha do que das anteriores, mas essa é outra história, porque não vejo como o termo “felicidade” possa ter uma definição global e irrestrita.
Bom, uma coisa é certa: todos podemos, a qualquer momento, responder a pergunta “Você é feliz?”. Muitos estudos são conduzidos para explorar melhor este universo. Em um deles, que me foi apresentado pelo CEO da Kromberg, empresa transnacional que trabalha, entre outras coisas, com a felicidade no ambiente de trabalho, foi apresentado o valor de remuneração que mostrou a melhor correlação com a felicidade – US$ 75.000,00. Ou seja, quem ganha mais ou menos, neste estudo mundial, apresenta níveis de felicidade inferior. Embora alguém esteja muito abaixo ou muito acima desse valor, determinadas preocupações (diferentes, é óbvio) roubam uma parcela desse bem-estar subjetivo. Se você não ganha mais que isso pode até estar pensando: “Eu adoraria ter os problemas dos milionários”, certo ou errado? Pois saiba que “ser milionário” não traz só coisas boas.
Independente do valor, se é bom ou ruim, alto ou baixo, o interessante observar é que existe uma “curva U”, ou seja, até um determinado valor, o resultado é crescente e após ele, a curva se inverte. Já vi a chamada “curva U” em outros estudos e trarei aqui ainda nesta série. Mas é inegável que ela nos mostra, mais uma vez, que existe sempre e para tudo, um ponto de equilíbrio. Menos que isso é ruim e mais que isso também. Curioso, não?
Em seu livro “Homo Deus”, Yuval Harari traz outro dado muito interessante – o número de suicídios em países ricos e pacíficos versus pobres e com instabilidade política. Por exemplo, em países como Suíça, França e Japão, o número de suicídios a cada 100.000 habitantes é 20 vezes maior do que na Guatemala, Filipinas e Albânia. Mesmo com o PIB (Produto Interno Bruto) crescendo 6 vezes e a renda per capita dobrando após a II Guerra Mundial, pesquisas mostram que a percepção de felicidade dos americanos permaneceu mais ou menos no mesmo patamar de 1.950.
Pois bem, este é mais um pano de fundo que reforça o argumento de que, os extremos são, por definição, burros. O caminho do meio é sempre o melhor. Já falamos aqui de política, de religião e, agora, de dinheiro. Ainda tenho outros temas para trazer aqui nesta série, mas espero que você dedique um tempo para refletir um pouco sobre isso e que procure, na sua carreira, adotar posturas equilibradas, sensatas e no que chamo de “caminho do meio”. Até o próximo!