E vamos nós para o terceiro texto sobre extremos. Neste, vamos ver os estragos que as posturas extremas produziram na política. Novamente quero deixar claro o foco aqui não é a política em si, mas carreira. Entretanto, para podermos enxergar claramente como os extremos podem prejudicar uma carreira, é importante vermos o que de ruim eles produziram em outras áreas. No último, vimos como as posturas extremas foram usadas no campo religioso e agora na política.
Como você bem sabe (e enxerga nas ruas e nas redes sociais), o país está dividido. Uma polarização talvez sem precedentes na história brasileira. Duas narrativas opostas – Lulismo x Bolsonarismo – brigando “a tapas” pela atenção, pelos votos e pelas defesas incondicionais das respectivas pautas e, principalmente, dos respectivos líderes. E não é só aqui no Brasil que a coisa está pegando fogo. Na Inglaterra, nos Estados Unidos, Itália, Argentina, só para citar estes, direita e esquerda se agridem. O interessante de se observar, deixando a emoção de lado como sempre, é que nenhuma das duas narrativas se sustenta por muito tempo. Pare e observe a história de cada um dos países e irá notar que os extremos ganham o poder, se instalam, mas são retirados algum tempo depois e, normalmente, substituídos pelo oposto. E isso se repete depois de um novo ciclo. Ou seja, visões extremistas ganham força a partir do momento que o seu oposto não mostra um caminho sustentável e a gangorra segue no seu vai e vem. Por outro lado, países que apostam em um caminho mais equilibrado e que tentam unir o melhor das duas narrativas seguem um caminho de mais prosperidade.
Mas essa polarização não vem de hoje. A história da humanidade é recheada de relatos de excessos de todos os tipos de governos, desde os impérios centralizadores e absolutistas de conquistadores como Alexandre, Gengis Khan e Napoleão, ou apenas de tiranos genocidas - de diversas ideologias de todos os lados e credos, esquerda ou direita, cristã ou islâmica, crente ou secular, flamenguista ou corintiana - como Mao Tsé-Tung, Pinochet, Hitler, Mussolini, Sadam Hussein, Khomeini, Stalin... Os nomes se multiplicam, como também os incontáveis líderes e nações que ficaram célebres por ultrapassarem todos os limites éticos e humanos no seu afã de conquistar e se manter no poder, sempre com posturas extremistas, intolerantes, às vezes populistas e inflexíveis. Todos, sem exceção, tinham certezas demais e as usaram para produzir verdadeiras atrocidades em nome de causas extremas. Porém, todos, mais cedo ou mais tarde, viraram pó.
A história nos prova que o mal é atemporal, universal, ecumênico e ambidestro. Os excessos estão espalhados salpicando de sangue milhares de páginas da história do homem sobre a terra. A humanidade gosta de odiar e nada como um líder cruel para inspirar todo tipo de intolerância.
Se na política e na religião, temas tratados agora, os extremismos não funcionaram, por que alguém acharia que pode funcionar na carreira? Não funciona, nunca funcionou e nunca irá funcionar. De novo, o caminho do meio é sempre o mais sensato e inteligente. Ter certezas e convicções demais é sempre perigoso e ofusca a visão. As carreiras de sucesso, em sua maioria, foram trilhadas na estrada do equilíbrio, na dose certa de convicção e dúvida, com humildade para ouvir e conviver com opiniões diferentes, com humildade para se cercar de pessoas boas e construir com base em visões sensatas e equilibradas, ou seja, no caminho do meio. Até o próximo!