Ter opiniões fortes e convictas é muito bom. Dependendo do contexto, passa segurança e confiança a quem ouve. Alguém que se esquiva de opinar, concordar ou discordar passa uma imagem de fraco e omisso. Entretanto, como a história não é linear e o mundo dá voltas, opiniões muito convictas e totalitárias podem nos fazer morder a língua ali na frente. Aí vem a vergonha ou o arrependimento. Por que falei aquilo? Por que defendi aquela pessoa? Por que fui contra aquela decisão? Por que votei naquele candidato? Você já deu uma mordidinha, por menor que seja, na sua língua? Eu sim, algumas vezes. E confesso que não é nada legal.
Alguns infelizes, poucos anos atrás, começaram com uma história de “nós contra eles”. Extrema esquerda contra extrema direita. Coxinhas contra mortadelas. Pobres contra ricos. Empregados contra patrões. E por aí vai. Esse querosene em uma fogueira que já estava montada em função de problemas econômicos, crise eminente e população “P” da vida com escândalos de corrupção, foi o que faltava para dividir o país. Pronto, estava criada a polarização total. Um fenômeno que até hoje só produz mazelas e piora ainda mais uma situação que não é boa.
No mundo do trabalho, na carreira e na vida, não é diferente. A jornada profissional, de vez em quando, nos coloca diante de situações extremas e nos convida a seguir para uma dessas extremidades. Às vezes, é correr muito risco ou “zero” risco. Às vezes, é ser duro demais com alguém do nosso time ou não fazer nada e fingir que nada aconteceu. Às vezes, é ficar acomodado em um cargo ou empresa, ou entrar em uma aventura sem pensar bem antes. Enfim, como já dito, inúmeras situações nos colocam diante de extremos. A maioria das pessoas, pelo que tenho observado, tem caído nessa armadilha – a dos extremos. Escolhe um e depois vê que não se sustenta.
Já tive opiniões extremas e já me coloquei em polos algumas vezes na vida e na carreira. Confesso que perdi mais do que ganhei. O tempo e os cabelos brancos foram me ensinando que “os extremos são, por definição, burros”. Politicamente, a extrema direita e a extrema esquerda são ruins. Correr risco demais ou não correr risco algum é ruim. Ser duro demais com alguém ou se calar diante de um problema é ruim. Ter ambição demais ou não ter ambição alguma é ruim. Tudo demasiado ou de menos é ruim. Na dose errada, até água pode matar.
Sei que muitos não concordam, até porque esse tal de “caminho do meio” não dá Ibope. As pessoas gostam de ver o pau comer. A paz e o equilíbrio são, para muitos, entediantes. Em função disso, basta ver as polêmicas nas redes sociais quando algum lado extremo comete um erro ou faz um golaço! Meu Deus, a internet vai à loucura! Respeito quem gosta de ver a fogueira queimando, mas começo hoje, com a ajuda do meu amigo Max Franco, esta série chamada “O caminho do meio”, onde vou tentar trazer aqui casos e estudos que mostram a falácia que são os extremos. Como eles não só não produziram nada de bom, como sempre ajudaram a estragar coisas boas ou piorar ainda mais situações que já estavam ruins. Por hora, deixo uma pergunta para sua reflexão: Você conhece alguma pessoa, alguma empresa ou algum país que foi muito longe trilhando um caminho de extremos? Até o próximo!