Artigo 43 – Diversidade cultural – segunda parte

por Marcelo Veras | 05 de abr de 2012

"A ignorância é a mãe e o pai de todos os males"

A história do executivo que viu a carreira virar pó por causa de uma piada de mal gosto, relatada no meu artigo anterior, gerou muita repercussão. Recebi muitos e-mails e algumas mensagens no Facebook e LinkedIn. Todas, ou quase todas, com a frase: - Já vi algo parecido acontecer do meu lado. Ou seja, pessoas que, embora vivam em um mundo globalizado e culturalmente diversificado, ainda se comportam como se vivessem em uma bolha. Como se somente os comportamentos da sua tribo fossem o modelo a ser seguido por todos. O preço dessa postura é alto e, pelo que vejo e ouço hoje, esta conta está sendo paga todos os dias por muitos desavisados.

Nas minhas aulas sobre o tema, faço questão de contar algumas dessas histórias e também abrir espaço para que os alunos também contem as suas. E eles contam muitas. Algumas bem engraçadas, mas todas – invariavelmente - com final trágico. E a pergunta que deixo para todos após ouvirmos este festival de ignorância e desrespeito à diversidade é uma só: O que fazer para conviver com as diferenças de forma profissional e produtiva? Aliás, esta é a pura definição desta competência.

A minha receita é simples, pelo menos de entender. Implantar é outra história. Depende de um único fator – querer e acreditar que isso vai ser bom para a carreira e para a vida pessoal.

Primeiro, é impossível julgar, criticar, avaliar, elogiar ou dizer qualquer coisa sobre algo que não se conhece. Concorda? Se sim, a primeira coisa a ser feita é sair da ignorância (no sentido real da palavra – ignorar). E só existe uma forma de fazer isso. Estudar. Na prática, o que recomendo aos meus alunos é que todos busquem alguma fonte de informação confiável (um curso atual, um bom livro, um portal recomendável... Além do contato com pessoas esclarecidas). Por exemplo, existe um livro cujo título é “A história das religiões”. Fino, rápido de ler, com um capítulo sobre cada religião. Ninguém que ler este livro vai ficar craque no assunto, mas deixará o perigoso estágio de ignorância total sobre quaisquer religiões diferentes da sua. E isso talvez seja mais do que suficiente para passar a entender melhor o mundo e as pessoas. Uma vez, pedi para uma amiga judia que me contasse tudo sobre a religião dela. Ficamos quase duas horas em uma viagem de carro juntos e foi incrível. Aprendi muito. Foi muito legal. Ouvia coisas sobre a religião judaica que nunca imaginei e que nunca saberia se não tivesse esta oportunidade.

Há muitas, muitas fontes de informação sobre religiões, orientações sexuais, etnias, culturas de países etc. A única desculpa que alguém pode ter para não aprender um pouco sobre algo se chama “Preguiça”. E – convenhamos – preguiça é um motivo muito vexatório para não alcançarmos uma meta que almejamos.

O segundo passo, após entender um pouco sobre a diversidade, é aceitá-la. O mundo é assim e, ao menos por um bom tempo, assim o será. Todas as tentativas de discriminação, “anti-isso” e “anti-aquilo” morreram na sua raiz (e mataram seus donos). Eu não preciso ser homossexual, comer mosquito vivo ou não comer nada depois do pôr do sol da sexta-feira. Mas, tenho a obrigação moral de aceitar que qualquer pessoa deseje sê-lo e fazê-lo. Até porque os meus hábitos, valores e crenças podem ser tão diferentes para estas pessoas como os delas são para mim. Não existe certo ou errado. Onde está escrito que apenas uma dessas vertentes é a correta? Quem escreveu isso e com que autoridade? Provavelmente, foi uma gente burra, intolerante, preguiçosa e prepotente.

Por fim, o último desafio é conviverem harmonia. Nãomisturar questões de ordem pessoal com o trabalho, a produtividade e o profissionalismo. “A é A. B é B”. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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