Escrevo este texto logo após participar da reunião mensal de um grupo em São Paulo que discute “futuro e inovação” – o GIF. Na reunião de hoje recebemos o presidente da BMW, Aksel Krieger, o fundador da Opinion Box, Felipe Schepers e o CEO do SBT, José Maciel. O tema da reunião era “vínculos emocionais com os clientes”. Após cada um fazer a sua rápida apresentação, debatemos um pouco e pudemos matar algumas curiosidades sobre as empresas, principalmente a BMW e o SBT. Com relação ao SBT, que aparece em várias pesquisas e rankings como uma marca com forte envolvimento emocional por parte do seu público, o José Maciel, que lá trabalha há 21 anos, nos contou um pouco dos bastidores e, principalmente, do papel exercido até hoje pelo ícone Silvio Santos, prestes a completar 90 anos de idade.
Um ponto que me chamou bastante a atenção e que compartilho aqui foi a forma como ele se prepara para cada edição do seu programa de auditório. José Maciel nos contou que, embora exista toda uma equipe que faz o aquecimento da plateia antes do início das gravações, o próprio Silvio Santos não abre mão de estar no auditório 30 minutos antes, religiosamente, para conversar com as pessoas, quebrar o clima e se aproximar delas antes de o programa entrar no ar. Segundo ele, muitas pessoas se emocionam ao verem o Silvio, conversam com ele e vão se sentindo mais à vontade para deixar o programa mais leve e mais autêntico. Interessante, não?
Ao ouvir este relato, por nunca ter participado de um programa de auditório como este, logo me lembrei da nossa competência “maior” chamada Empatia. E não posso deixar de mencionar aqui a primeira habilidade desta competência – “É um bom ouvinte”. Quem já foi meu aluno sabe que sempre ressalto a importância da primeira habilidade de cada competência, porque ela diz muito. Neste caso, o ícone Silvio Santos, segundo este relato, faz isso com frequência e disciplina. Talvez aí resida um dos ingredientes de um grande comunicador – ouvir as pessoas, para conhece-las melhor e adequar a sua comunicação ao seu público. De fato, é incrível observar o poder de comunicação dele e de como a sua linguagem consegue criar vínculos emocionais com as pessoas.
Talvez esta competência já tenha batido recorde nas minhas reflexões aqui, mas não me canso de traze-la mais e mais. Realmente acredito que, além de ser a competência que teria o poder de mudar o mundo, a empatia é também ingrediente da maioria das histórias de sucesso que conheço e estudei. Saber ouvir, se colocar no lugar do outro e entender a perspectiva do outro são habilidades que dão suporte a várias outras competências. Neste caso, podemos ver claramente como ela ajuda na comunicação. Este é apenas mais um caso de grandes comunicadores que, acima de tudo, são bons ouvintes. Parece contra intuitivo, mas para sermos bons comunicadores, precisamos acima de tudo ser bons ouvintes. Interessante, não? Até o próximo!