O tema não é novo, mas em tempos onde muitos acreditam que a economia irá melhorar e as contratações também, nunca é demais tratar dessa ferramenta tão importante – o currículo. Na era da conectividade em que vivemos e com rede social para tudo – inclusive rede social profissional como o LinkedIn – o currículo “escrito” (ou melhor, digitado) ainda tem muita relevância e é uma das peças principais nos processos seletivos. Algumas empresas querem um arquivo por email, outras possuem formulário de cadastro em seus websites e outras até querem o bem-dito impresso. Mas, independente de onde e como ele é lido, o currículo cumpre um papel que nem todos têm plena consciência.
Nas minhas aulas de planejamento de carreira, sempre pergunto: “Para que serve um currículo”? É engraçado como esta pergunta pega os alunos de surpresa e muitos ficam em silêncio. Algumas respostas vêm, mas a maioria tem uma visão de que o currículo é mais determinista do que ele realmente é. Na verdade, o currículo é apenas um ticket, que dá ao seu dono a possibilidade de entrar no “jogo” e concorrer à vaga. Praticamente ninguém é contratado apenas por uma análise do seu currículo. A imensa maioria das contratações acontecem após uma ou mais entrevistas. Estas sim, olho no olho (ou, como começa a acontecer aos poucos), determinam quem vai ser contratado ou não. Concorda? Você conhece alguém que foi contratado apenas porque o seu currículo foi avaliado e aprovado? Normalmente não é assim que acontece, concorda?
Pois bem, se chegarmos a um consenso de que a entrevista, e não o currículo, é a etapa decisiva para uma contratação, então fica fácil definir a função (mais nobre de um currículo) – fazer com que o dono dele seja chamado para uma entrevista pessoal. Em outras palavras, um currículo serve apenas despertar o interesse pelo candidato. É lógico que a avaliação de um currículo cumpre outros papeis, como ver se a experiência é adequada à função, como está a educação continuada do profissional, entre outros. Mas tenho muita convicção de que a função mais nobre é a de “despertar o interesse” e provocar uma entrevista pessoal. “Olha que currículo legal. Esse eu vou chamar para a entrevista”. É ou não é isso que você gostaria de ouvir da boca de um recrutador ao acabar de ler o seu currículo?
Assim sendo, temos que elaborar o nosso currículo sempre com esta visão. O texto e as informações ali devem estar organizados de forma a chamar a atenção do avaliador. Por isso que alguns defendem que, no limite, você deveria elaborar uma versão de currículo para cada perfil de empresa que for concorrer à vaga. Conhecendo um pouco o perfil da empresa e da vaga, buscar se apresentar de forma interessante para aquela oportunidade, usando termos mais alinhados com a vaga e a empresa, destacando mais experiências que tenham mais valor para aquela oportunidade, entre outros. Nem sempre isso é possível (por isso que escrevi “no limite”), mas sempre que possível é bom fazer ajustes neste nosso “cartão de apresentação”, nunca faltando com a verdade, mas procurando destacar aquilo que possa, para aquela vaga em específico, chamar a atenção positivamente e fazer com que o avaliador faça o que você mais quer – agendar a entrevista. Até o próximo!
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