E seguimos aqui tocando o barquinho, como diria o nosso querido Ricardo Boechat, e agora colocando luz na sexta competência, da lista de dez, do relatório “Future of Jobs” – Solução de problemas complexos. Aliás, esta aparece em todos os últimos relatórios do Fórum Econômico Mundial, sendo que várias vezes em primeiro lugar. E não é à toa...
Nestas duas primeiras décadas do século XXI, principalmente após o lançamento do primeiro smartphone em 2007, a conectividade na palma da mão deu voz a todos. Não só voz, mas poder. Poder de questionar padrões antigos, poder de falar ao mundo o que quiser, poder de nos conectarmos e colaborarmos com pessoas de qualquer lugar do planeta, e por aí vai. Este poder se estendeu para muito além da conexão. Nestes últimos anos, muitas pessoas decidiram deixar um legado impactante. Problemas que foram até então negligenciados ou empurrados com a barriga, começaram a ser atacados. O complexo problema da mobilidade urbana nas grandes cidades ganha aliados, com Uber, bicicletas e patinetes compartilhados, aplicativos de entrega rápida, entre outros. Isso em relação a um dos problemas complexos – mobilidade urbana.
Com a população tendo triplicado entre os anos de 1.900 e 2.000 (de 2 bilhões para 6 bilhões), ultrapassado os 7 bilhões nesta década e já a caminho dos 8 bilhões de pessoas no planeta, os grandes desafios cresceram na mesma proporção. Como alimentar tanta gente? Como dar saneamento básico, saúde, educação, segurança? Como melhorar a questão da mobilidade urbana? Como resolver o problema do déficit habitacional? Como erradicar a fome e as doenças? Tudo isso dá luz a esta competência, que quem a tem vale mais do que diamante. E olha que estou falando apenas de problemas gerais da sociedade. Nas empresas, cada uma no seu setor, também há grandes abacaxis a serem descascados. E, mais uma vez, profissionais que gostam de resolver problemas valem ouro.
Desde que vi esta competência no relatório “Future of Jobs”, fiquei me perguntando se ela é uma competência técnica ou comportamental. Relembrando que competência técnica é conhecimento e competência comportamental é atitude. Já tive até alguns embates e discussões sobre o tema. Para se resolver um problema complexo eu preciso de conhecimentos ou atitudes? Boa pergunta, não?
Após pensar muito e ouvir opiniões diversas, cheguei a uma conclusão: solução de problemas complexos tem um pé em cada grupo. Em alguns casos, a solução de um problema exige um conhecimento específico, por exemplo, um engenheiro que pesquisa e descobre um novo material. Em outros casos, o abacaxi só será descascado se pessoas com conhecimentos diferentes e complementares forem unidas em um projeto, trabalhem juntas, motivadas e com alto grau de colaboração. Neste caso, montar e reger esta equipe exige muito mais atitudes do que conhecimentos. Portanto, na minha visão, um profissional que queira desenvolver esta competência deve entender que a solução de um problema está cada vez mais nas mãos de um time do que de uma pessoa. Observe, por exemplo, os últimos prêmios Nobel. A grande maioria não foi entregue a uma pessoa, mas a um time que colaborou e resolveu um problema complexo de forma colaborativa. Até o próximo!