Juntamente com outras áreas, tais como tecnologia, genética e engenharia de materiais, uma das que mais evoluiu nas últimas décadas foi a neurociência. Com a chegada de equipamentos de medição não invasivos, a atividade cerebral está sendo mapeada e o funcionamento dessa máquina fantástica começa a ser desvendado. Fisiologicamente, o nível de compreensão avançou muito e já se sabe como determinados estímulos são recebidos, processados e devolvidos em forma de ação. A medicina, o marketing, a educação, entre outras áreas, estão debruçadas sobre o tema para melhorar seus desempenhos e afinar suas estratégias e os resultados de suas atividades. As emoções, expressadas através de picos de produção de hormônios e neurotransmissores, são mais compreendidas, pelo menos sob o ponto de vista fisiológico.
Por outro lado, o pensamento e a consciência ainda seguem praticamente “intocáveis” pelos equipamentos e pela ciência. Estes fatores seguem sendo estudados e compreendidos, fundamentalmente, pela psicologia, mas também sem consensos científicos e unanimidades inquestionáveis. De onde vêm os pensamentos? Por que pensamos o que pensamos? Como evitar determinados pensamentos? Tudo isso ainda faz parte dos mistérios da mente e é alvo de outras rotas de estudo. Uma delas, que tem me despertado interesse crescente é a meditação. Prática não nova, aliás, já usada há milênios, a meditação tem ganhado seguidores. De novo, não há um consenso sobre o método ideal e muito menos sobre os reais benefícios de cada técnica, mas a verdade é que um número cada vez maior de pessoas tem conseguido “controlar” a mente através da meditação e ter uma relação mais harmoniosa com pensamentos, angústias e ansiedades. Além disso, o testemunho de quem pratica também reforça benefícios como atenção, foco e produtividade.
No capítulo 21 do seu mais novo livro, “21 lições para o século 21”, Yuval Harari conta em detalhes como conheceu a técnica e como isso mudou a sua vida. Partindo de quem partiu, só este depoimento me faz ficar ainda mais curioso. No meu caso, um problema real e crescente me faz ter mais vontade de conhecer as técnicas. Ando num ritmo tão alucinante de trabalho, novos projetos e desafios, que na hora de dormir, o corpo quer “apagar” mas a mente quer pensar, criar, planejar e decidir. A minha velha companheira taça de vinho diária, que sempre me ajudou a dar uma relaxada depois de um dia intenso, tem me deixado na mão e não tem sido suficiente para dar um recado aos pensamentos – chega por hoje, quero dormir!
Outro fato que conta pontos para a meditação e que tenho falado muito recentemente, é o poder que as “paradas” têm de nos fazer fugir um pouco da rotina e da correria e, simplesmente, deixar a mente descansar. Cada vez mais, ao analisar os bastidores de carreiras de sucesso, tenho me deparado com hábitos como este, ou seja, ao contrário do que o senso comum poderia indicar, pessoas de extremo sucesso não trabalham 14 horas por dia ou ficam anos sem férias. É exatamente o contrário, muitas planejam suas agendas com o intuito de aproveitarem, com frequência, de períodos em off.
Embora ainda esteja me aproximando do tema e estudando um pouco mais, tenho caminhado na direção de acreditar que a meditação possa ser mais um ingrediente do sucesso profissional, não só pelos benefícios de atenção, foco e produtividade, mas de um melhor uso das nossas potencialidades a partir do momento que nos conhecemos melhor e administramos melhor a nossa mente. Em breve trago mais novidades sobre o tema. Até o próximo!