“Plante coisas boas. E, obviamente, em terreno fértil”
No artigo anterior você viu que um dos maiores erros que um ser humano pode cometer em termos de relacionamentos profissionais é contatar pessoas somente em momentos de necessidade. Além de deselegante, é ineficaz. O mundo dos relacionamentos profissionais e tão parecido com o dos relacionamentos pessoais quanto poucos imaginam. Quantos amigos de verdade você tem? Com quantas pessoas você pode realmente contar em momentos críticos? Por que acha que há pessoas que seriam capazes de dar até a vida por você? Por um motivo muito simples: porque você faria o mesmo por elas. Se houvesse uma calculadora que medisse o quanto as pessoas se doam umas às outras, você veria que os grandes e sólidos relacionamentos estão literalmente empatados em termos de doação. Trata-se de um pacto de crescimento mútuo, onde se dá antes de receber, se ajuda antes de ser ajudado. Ou seja, a gente faz pelas pessoas aquilo que, mesmo de forma inconsciente, esperamos e acreditamos que elas fariam por nós no futuro. Esta é a regra, embora muitos ainda acreditem na bela utopia cristã que postula o "dar sem esperar algo em troca". Isso é de fato bonito, fofo e singelo. Quando eu crescer, quero ser assim! Quem sabe no Éden é desse jeito, mas - infelizmente - aqui na face da Terra, pode não ser tão intencional nem tão confessável, mas que esperamos retorno, esperamos. A história da humanidade mostra claramente que a troca é a base de qualquer relação. Incondicional é só o amor de pai e mãe, e - infelizmente - sequer de todos.
A questão hoje é: como criar este saldo a ser utilizado no futuro? Vou responder com uma história. Um dia, estava com a minha filha no carro voltando para casa, quando ela falou: - Pai, eu descobri como vou ficar rica. Embora surpreso com uma questão que deveria estar tão longe de uma cabeça com 5 anos de idade, respondi: - Como, filha? Ela, sem piscar, disse: - Vou descobrir o que as pessoas querem e vou vender para elas. Quase bati o carro. Alguma dúvida se ela vai querer ser empregada ou empresária? Fiquei todo orgulhoso. E para estimulá-la ainda mais, tornei a cutucar: - Mas, filha, como você vai descobrir o que as pessoas querem? A resposta seguinte, além de me convencer definitivamente que ela vai longe, explica a essência do que quero discutir hoje. A resposta foi: - Perguntando e observando.
É isso. Simples como a Júlia descreve. Se você quer que alguém compre algo de você, entregue o que ela quer. Para descobrir, pergunte e, principalmente, observe. No campo dos relacionamentos profissionais, esta é a máxima de como se pode criar uma rede que possa lhe ajudar a atingir os seus objetivos no futuro. Primeiro, é preciso criar o saldo, a poupança. E para se construir isso, não há outra forma senão reservar parte do seu tempo e da sua energia para ser prestativo com quem, porventura, possa lhe abrir portas no futuro. Na minha visão, ter esta consciência é fundamental. Este é, para mim, o tipo de interesse legítimo, do qual ninguém tem que fugir ou se envergonhar. Esta atitude é a base do crescimento e dos relacionamentos profissionais que têm valor.
Há aqui dois desafios. O primeiro é fazer isso de forma íntegra e verdadeira. Falsidade aqui não tem espaço. Ou você tem algum tipo de real apreço pela pessoa que vai colocar na sua rede, ou não vai funcionar. O segundo é descobrir como encontrar formas de ser útil a esta pessoa antes que ela o seja para você. Neste campo, não há regras. A habilidade que você terá que desenvolver tem um nome: EMPATIA. Ela será tema do próximo artigo. Até lá!