Nesta semana, dei uma entrevista ao vivo para uma rádio com cobertura nacional, onde debatemos por 20 minutos cinco competências que, segundo pesquisas, serão as mais valorizadas na próxima década. Um papo longo (para os padrões de rádio) e descontraído, com abertura para perguntas ao vivo.
Ao final, uma pergunta interessante, vinda de Redenção, no estado do Pará, me tocou e resolvi compartilhar aqui. O Fernando, que disse trabalhar com educação profissionalizante, afirmou que na sua cidade há pouco interesse por desenvolvimento profissional. Na visão dele, as pessoas são muito acomodadas e não acreditam que a Educação pode transformar suas vidas. Ele me perguntou se isso era exclusividade da sua cidade, se eu via essa acomodação em outros lugares do Brasil e me pediu dicas para seguir a jornada e convencer as pessoas de Redenção que o (único) caminho é a Educação. Um caso bem comum, infelizmente, e que me desafia há anos. Como motivar pessoas a se desenvolverem e assumirem as rédeas das suas carreiras?
Bom, embora eu não quis entrar em questões estruturais e políticas no debate, tenho convicção de que grande parte do que vemos de péssimos exemplos na política e na gestão pública, gera essa percepção de falta de meritocracia nas pessoas. Entretanto, não podemos assumir que esta é a causa-raiz. Na verdade, existem catalizadores para este processo e conduzi a minha resposta ao Fernando por esta rota. Mas antes deixei claro que o fenômeno não é local, mas sim nacional. Por onde vou vejo pessoas (felizmente, não a maioria) desmotivadas e sem investimentos contínuos em Educação. Por outro lado, a conectividade global e as redes sociais têm mostrado cada vez mais exemplos de pessoas que alçaram grandes voos em suas carreiras, independente de onde vieram e em que classe social nasceram. O que chamo de “democratização das oportunidades” é hoje visível a olhos nuns. Só não vê quem não quer. E mora neste fato o catalizador para o processo.
Portanto fiz algumas recomendações ao Fernando e as deixo aqui, caso você também tenha este desafio na sua cidade, bairro ou empresa. Primeiro, recomendei que ele promovesse eventos gratuitos sobre o tema “carreira”. Essas pílulas costumam, se bem implementadas, despertar o interesse pelo assunto. Depois, sugeri que ele usasse esses eventos para debater estudos de caso reais. Mostrar pessoas que, através da Educação, conseguiram transformar suas vidas e carreiras. Exemplos reais inspiram muito. Por fim, e mais importante, que ele não desista da sua missão na Educação. Até cheguei a falar que “se nós não fizermos, quem vai fazer”?
Pois bem, deixo aqui hoje uma provocação para você que tem uma equipe, por menor que seja, ou que conheça alguém que está acomodado ou que não acredita mais que a sua carreira possa se transformar. Ajude essas pessoas a se moverem. Mostre-as que nunca é tarde para uma revolução nas suas vidas através de um novo aprendizado. Estamos numa fase onde muitas coisas novas, profissões novas e novas carreiras irão surgir. E como todos terão que se adaptar e aprender coisas novas, estamos todos juntos nesse mesmo barco e com os mesmos desafios. Até o próximo.