Artigo 374 – Anonimato sem razão

“Esconder informações ajuda ou atrapalha?”
por Marcelo Veras | 02 de jul de 2018
Artigo 374 – Anonimato sem razão

Tenho repetido aqui incontáveis vezes que estamos na era da transparência. Todos nós, profissionais e empresas, temos um telhado de vidro sobre nossas cabeças. Onde formos, em qualquer horário, há uma câmera ou um gravador registrando tudo. Não dá mais para dizer “não estive ali” ou “não fiz isso”. Se fez ou esteve, está registrado e será mostrado ao mundo se preciso for. Também como tenho falado muito, isso é bom e ruim, como quase tudo na vida. E depende, também como tudo na vida, de que ângulo você analisa. Sim, perdemos a nossa privacidade. Por outro lado, para que não deve nada e faz tudo certo, o sentimento de que as pessoas do mal serão desmascaradas é muito bom. O saldo, na minha visão, é bom. A minha aposta é que o mundo só irá melhorar a partir do momento em que ninguém conseguir mais fazer coisas erradas e esconder. Repito: quem não deve nada para ninguém está tranquilo, anda nas ruas sem nenhum disfarce, deita na cama e dorme sem olhar para o guarda-roupas com medo de um fantasma sair dali de madrugada e lhe pegar.

Como um grande observador que sou, tenho notado algumas posturas “interessantes” nas redes sociais e no mundo digital como um todo. Todos nós recebemos inúmeros convites de conexões nas redes sociais, principalmente facebook e linkedIn, nos quais somos chamados a aceitar solicitações até de pessoas que não conhecemos. Há pessoas, inclusive, que não mostram a idade, de onde são, o que fazem, onde trabalham, quais conexões em comum nós temos e ainda sem quaisquer fotos. Confesso que isso nunca me incomodou e concedi sempre um aceite em todas, até porque não existe a menor chance de eu me lembrar de todas as pessoas com as quais cruzo nas estradas da vida. E digo que nunca sofri nada com isso e nunca fui incomodado por nenhum desses “anônimos”. Conheço pessoas que simplesmente não aceitam esse tipo de conexão e respeito essa posição. Os argumentos são de que se não os conheço, não quero a ponte. Perfeitamente compreensível.

No fundo, tenho uma opinião formada sobre determinados casos. No caso de celebridades, que às vezes não conseguem nem sequer comprar um pão na padaria sem serem assediadas por paparazzis ou fãs enlouquecidos, entendo perfeitamente a postura de quase se disfarçar para poder ter um pouco de privacidade. Mas isso acontece com menos de 0,1% da população. Com os demais, mesmo aqueles que, assim como eu, têm algum grau de figura pública, não vejo a menor razão para se esconder atrás de nomes falsos ou omitir informações, principalmente profissionais. De novo, entendo, compreendo e respeito quem o faz, mas acho que atrapalha mais do que ajuda. Pense em um recrutador, por exemplo, que está fazendo uma pesquisa sobre um profissional nas redes sociais e se depara com um perfil que esconde tudo e que, em alguns casos como conheço, muda até o nome usando abreviações. Que imagem você acha que isso passa? Já perguntei a alguns recrutadores e a resposta foi clara: “Não gosto. Parece que tem algo a esconder”.

Bom, fica aí a provocação para a sua reflexão. Você quer ser 100% transparente ou prefere se preservar e, em algumas situações e ambientes, se esconder? Saiba que, como tudo na vida, isso pode ser bom ou ruim. Avalie, ouça outras opiniões, forme a sua e decida. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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