Artigo 37 – Como montar a sua rede de contatos

por Marcelo Veras | 05 de abr de 2012

“Quem precisa de âncora é navio. Alie-se a quem te faz crescer”

Neste quarto artigo sobre a competência Relacionamento interpessoal, quero tratar da seguinte questão: Quem deve constar na minha rede de relacionamentos profissional? Lembro que no artigo anterior defendi contundentemente a tese de que “Menos é mais” e que uma rede de contatos, para dar resultados práticos precisa ser gerenciada com muito zelo e profissionalismo. E isso exige tempo e energia. O resto é volume. Volume de gente que passa pela nossa vida e não acrescenta muita coisa. De fato, quem acha que o fato de conhecer muita gente signifique alguma coisa acaba colhendo pouco.

No segundo artigo desta série (Artigo 35 – Interesses), também defendi a tese de que não existem relacionamentos sem interesses e que interesses legítimos representam a base de uma boa rede de contatos. Na visão moderna, interesses mútuos, quando são usados para o crescimento de ambos, representam a chama que falta para uma carreira decolar e para que novas e boas oportunidades batam sempre à sua porta.

A minha resposta, portanto, para a pergunta que abre este artigo é óbvia e previsível, ou seja: Devem fazer parte da sua rede de contatos as pessoas que possam, hoje ou amanhã, lhe ajudar a atingir os seus objetivos profissionais. Simples assim. Só faz sentido ter na sua rede de relacionamentos profissional, pessoas que tenham o potencial de poderem criar oportunidades para você no futuro. E este interesse é legítimo. Ninguém precisa ter vergonha de escolher pessoas para o seu networking usando este critério. Se pararmos para pensar, até mesmo as pessoas que escolhemos para a nossa rede de amigos, são indivíduos que nos agregam alguma coisa, seja porque nos fazem crescer seja – minimamente – porque nos fazem rir. Por sorte, há sempre aqueles com quem podemos contar em momentos difíceis e que, não coincidentemente, são os mesmos que chamamos para o churrasco quando queremos comemorar. Ou seja, o pano de fundo é o mesmo. Só muda o tipo de interesse.

Porém, esta frase suscita outra questão básica, que na minha visão, atinge a maioria dos profissionais que conheço – a falta de clareza sobre quais são (realmente) os seus objetivos profissionais. Sem isso, fica praticamente impossível montar uma boa rede, porque, raciocinando logicamente, para escolher as pessoas com quem vou me relacionar profissionalmente, preciso primeiramente ter a lucidez de quais são os meus objetivos de curto, médio e longo prazos. Faz sentido?

O segundo desafio – e este é o maior de todos – é descobrir quais pessoas terão no futuro este chamado “potencial” para criarem oportunidades para você. Aqui ocorre geralmente um erro crucial, que é o de avaliar erradamente as pessoas que você conhece hoje. Será que, ao avaliar as pessoas que podem lhe gerar oportunidades você deve olhar apenas para a situação atual delas? Isso seria um erro elementar. Quase uma burrice. Sabe por quê? Porque não necessariamente, quem ocupa uma posição importante hoje vai ter o mesmo status daqui há dois ou três anos. E não necessariamente alguém que não ocupa uma posição importante hoje terá igualmente esta posição no futuro. Ou seja, você deve, ao pensar nas pessoas que quer iniciar este longo e proveitoso ciclo de relacionamento e avaliar não só a situação atual delas, mas também o potencial que elas têm de ocuparem posições importantes no futuro. E aí, os seus pares, pessoas que hoje encontram-se no mesmo estágio de carreira que você, ganham relevância. Eu não tenho uma pesquisa, mas a imensa maioria de oportunidades que já ouvi de contatos meus foram geradas por colegas que no passado foram pares.

por Marcelo Veras
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