Artigo 368 – O mito da genialidade

“Há poucos gênios porque dá trabalho”
por Marcelo Veras | 28 de maio de 2018
Artigo 368 – O mito da genialidade

Desde que li o estudo do Malcolm Gladwell no seu livro “Outliers – Descubra por que algumas pessoas têm sucesso e outras não”, tenho investigado, sempre que possível, os bastidores da carreira e da vida de pessoas de sucesso em diversas áreas. Quem já foi meu aluno ou me ouviu falar sobre o tema sabe que virei fã da “regra das 10.000 horas defendida por Malcolm na sua tese sobre o sucesso. Com a ajuda de amigos e estudiosos de outras áreas, soube que Van Gogh pintou mais de 800 quadros, que Ernest Hemingway escrevia 1.000 palavras por dia, que nadadores como Cesar Cielo e Michael Phelps treinavam por horas cada detalhe e movimento exigido em suas provas, que Oscar Schmdt, o mão santa, chegava a fazer 1.000 arremessos após o fim do treino normal, entre outros.

O meu mais recente encanto é com o novo livro do Adam Grant, chamado “Originais – Como os inconformistas mudam o mundo”. Um cara que já estava na minha seleta lista de estudos sérios sobre carreira (no seu livro “Dar e Receber”), me surpreende novamente com uma obra prima, a qual recomendo fortemente para quem tem interesse em entender como surgem ideias originais e que mudam o mundo. No capítulo 2 do livro, ele traz mais alguns dados que reforçam a tese de que a genialidade é um mito e que, por trás de grandes obras, há sempre muito trabalho, esforço e dedicação. Neste caso, como o tema é criatividade e inovação, os dados a seguir comprovam o que sempre dizemos aos nossos alunos, que “da quantidade sai a qualidade”. Se você quer produzir algo novo e de impacto, o caminho é sempre trabalhar e produzir muito.

Vamos a alguns desses dados: Picasso fez 79 esboços do seu famoso quadro “Guernica”. Shakespeare, ao longo de duas décadas, produziu 37 peças e 154 sonetos. Mozart compôs mais de 600 obras antes de morrer, aos 35 anos de idade. Beethoven produziu 650. A obra de Picasso, da qual conhecemos apenas uma pequena parte, inclui 1.800 pinturas, 1.200 esculturas, 2.800 peças de cerâmica e 12 mil desenhos. Einstein, conhecido pela sua teoria que revolucionou a física, publicou mais 248 estudos que tiveram impacto mínimo. O inventor Thomas Edison, famoso pela invenção da lâmpada, possui mais de 1.100 patentes em seu nome, muitas delas sem grande resultado.

Os números acima mostram claramente que o caminho do sucesso envolve muito mais transpiração do que inspiração e muito mais trabalho duro do que genialidade. Mas, para muitos ainda, esses bastidores são desconhecidos ou ignorados. Talvez, como sempre digo nas minhas aulas, “acreditar na genialidade é uma bela desculpa para não fazermos o que temos que fazer – trabalhar muito”.

Bom, hoje, além de recomendar este livro fantástico chamado “Originais”, quero lhe propor que reflita sobre os bastidores de carreiras de sucesso. Se ainda não estiver convencido, vá vasculhar e estudar a história de pessoas que você considera brilhantes ou geniais. Garanto que, se cavar bem, vai encontrar mais suor e trabalho do que talento inato. Sim, alguns nascem com algumas habilidades, mas mesmo nestes casos, o que gera grandes feitos é o trabalho e a dedicação. Quando se convencer de vez sobre isso, o caminho está posto é basta trilhá-lo, de mangas arregaçadas, peito estufado, disposição, disciplina e brilho nos olhos. Com isso, você pode chegar aonde quiser. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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