Dois episódios recentes me trouxeram até este texto. Em um deles, um professor, após finalizar a sua disciplina em uma turma de pós-graduação, teve uma avaliação por parte dos alunos péssima. Trocando em miúdos, os alunos odiaram suas aulas. O coordenador do curso foi conversar com os alunos para entender o porquê do resultado e o que tinha acontecido. Em 5 minutos de conversa com a turma, o problema estava 100% entendido e pode se resumir em algumas das frases ditas pelos próprios alunos. “Parecia que ele não queria estar ali”, “Parece que não gosta do que faz”, “Apático, parecia que estava ali obrigado”. Ao conversar com o professor depois e dar uma devolutiva do resultado, o coordenador ouviu: “Imagina! Esta percepção está errada”. Mal sabe ele que, de errada, esta percepção não tem nada...
Nesta última semana, após uma palestra em um congresso de Educação, recebi dezenas de e-mails e mensagens via redes sociais a respeito da minha fala. O retorno que mais ouvi e que me deixou muito feliz foi “você fala com a alma. Fica claro que ama a Educação”. De fato, falar de Educação para Educadores é hoje uma das coisas que mais me dá prazer. E acho que isso deve “cheirar” forte aos que estão ao meu lado. Tenho consciência de que estava ali para aquela palestra motivado e querendo dar o meu melhor.
Poderia citar aqui inúmeros casos e situações nas quais pessoas demonstram claramente, às vezes sem precisar dizer uma palavra, se amam ou não o que fazem. Expressões faciais, gestos, aperto de mão, olhares, tom de voz, brilho nos olhos, entre outros, são termômetros claros e que falam alto aos que observam. Não precisa ir longe. Você mesmo, tente se lembrar de uma situação de, por exemplo, um atendimento em uma loja onde você percebeu claramente o nível de prazer da pessoa que lhe atendeu. Existem ou não pessoas que parecem que estão rezando para o expediente acabar e irem embora? Ou aquelas que parecem que estão felizes por estarem ali? Claro que sim. E quer saber? Todos nós “lemos” tais emoções em segundos. Mas não basta saber que conseguimos medir nos outros. É igualmente importante saber que todos à nossa volta também nos medem. Quando fazemos algo com amor e prazer, essa energia irradia. Podemos até não ir bem, mas todos percebem que estamos ali de corpo e alma. Mas quando fazemos algo por obrigação e sem prazer, podemos até ter competência, mas ela fica abafada pela falta de paixão.
O desafio, na minha visão, continua sendo o mesmo – encontrar o seu propósito. Aquilo que nos faz se sentir realizados. Aquilo que nos faz acordar toda segunda-feira felizes e motivados. Quem encontra é mais feliz e emana essa felicidade para os que estão à sua volta. Já aqueles que não encontram e embarcam em uma profissão somente para pagar as contas, além de infeliz, contamina os outros com a sua insatisfação. Faz o trabalho por obrigação e não cativa ninguém. Nestes casos, a falta de prazer se transforma rapidamente em resultados medíocres, até porque não há como ter excelência sem dedicação e não há dedicação sem prazer. Tão simples quanto isso.
Em que grupo você está? Se encontrou a sua vocação e o que lhe dá prazer, só tenho um conselho: nunca abandone esse barco. Se você ainda não encontrou, deixo dois conselhos. Primeiro, procure. E quando achar, não abandone o barco. Até o próximo!