Você é dono de uma empresa ou líder de uma grande equipe. Você tem um projeto importante e precisa escolher alguém para entregá-lo. Este projeto representa, para quem o receber, uma grande oportunidade de crescimento, visibilidade e exposição. Digamos que há pelo menos cinco pessoas na equipe igualmente preparadas, tecnicamente falando. Mas você precisa escolher uma, apenas uma. E não pode errar nessa escolha, porque o tal projeto precisa estar em mãos “fortes” e que o façam acontecer. Qual vai ser o seu primeiro critério de desempate?
Sabe o que descobri ao longo dos meus 12 anos de pesquisa sobre carreira e competências? Que a maioria irá usar, como critério de desempate, uma competência comportamental muito importante chamada “Confiabilidade”, cuja primeira habilidade é: “Fala o que faz e faz o que fala”. Em outras palavras, vou entregar este desafio àquela pessoa que, na minha visão, me dará mais segurança em relação ao que deve ser feito, independente se vai funcionar ou não.
Se você trouxer esta questão para algumas pessoas, talvez nem todas afirmem categoricamente que usam este critério, até porque esta visão se forma de maneira muito interior e, às vezes, não tão consciente. A verdade é que ao longo da nossa vida construímos, aos poucos, a nossa imagem sobre esta competência. E o mais interessante é que ela não se constrói apenas em relação a questões profissionais. Quem convive com você, a cada gol marcado ou bola fora nesse quesito, forma uma visão sobre o quão confiável você é. Se você combina de se encontrar com alguém em algum lugar, no horário tal, e está lá quando ela chega, ponto para você. Se você promete dar um recado para alguém e, ao ser cobrado, diz que esqueceu, ponto contra você. Se você diz que vai defender uma ideia e, na hora “h”, defende outra, menos um ponto. Se fala que vai concluir uma tarefa até um determinado horário e o faz, mais um ponto para você. E assim a vida segue, a cada discurso e a cada ação, vamos edificando (ou destruindo) a nossa imagem de confiabilidade. E quer saber? No final do dia, o que gente quer é estar cercado de pessoas confiáveis, não é mesmo? Há sentimento pior do que você olhar para uma pessoa e pensar “eu não confio nela”?
Pois bem, coincidentemente nestas últimas semanas sofri uma certe overdose de falta de confiabilidade. Combinados importantes, feitos há mais de um mês com algumas pessoas, não foram cumpridos. E isso, em alguns casos, deixou um dano gigantesco na minha confiança em relação a alguns. E para quem me conhece bem, vou demorar para considerar de novo essas pessoas em algum projeto importante. “Se não cumpriram estes, que eram importantíssimos, porque cumprirão outros futuros?”. Simples, não? Dúvida justa, não acha? Pois é assim que acontece quando falamos que vamos fazer e não fazemos.
Para fechar, com a minha ênfase de sempre, deixo aqui uma “ordem” para você que quer ter uma carreira bem-sucedida e gostaria de ter mais oportunidades: prepare-se tecnicamente para os desafios que quer enfrentar, mas saiba que, mais do que competências técnicas, as suas competências comportamentais irão pesar muito. E neste caso, a confiabilidade é uma das mais importantes para quem quer novos desafios. Portanto, concentre-se muito bem naquilo que fala ou promete. “Faça o que falar e fale o que fizer”. Até o próximo!