Há 10 meses, no meio do nosso período mais exigente em volume de trabalho, fiz uma proposta à minha equipe – uma agenda de desenvolvimento de competências e de planejamento de carreira para cada um deles. Confesso que já vinha com vontade de fazer isso há tempos, mas a correria do dia a dia acabava me fazendo postergar e esquecer. Um dia me olhei no espelho e pensei que talvez estivesse cometendo um erro básico: criticar comportamentos dos outros que eu mesmo cometia. Na verdade, sempre me preocupei com o desenvolvimento das pessoas que trabalhavam comigo, mas sentia que faltava algo mais estruturado, contínuo e transformador.
Pois bem, todos amaram a ideia e demos início à empreitada. Religiosamente, em todas as quintas-feiras, das 16h às 16h30 (o horário mais adequado para estarmos todos (todos mesmo) com celulares e computadores desligados, para a nossa pílula semanal de desenvolvimento de competências. Tem sido incrível! Em função de viagens ou alguns feriados, furamos algumas semanas, mas em 80% delas, estávamos lá. Cada um na sua estação de trabalho, com o mapa de competências da Inova Business School na mão, debatendo cada uma das competências e habilidades.
Depois de 7 meses, após o processo de discussão estar mais “azeitado” e após todos já estarem bastante familiarizados com as competências, recebi uma proposta que surgiu naturalmente: "Que tal fazermos uma avaliação 360 graus de todos?" Topei na hora e iniciamos o processo utilizando a ferramenta que está desenvolvida e disponível (gratuitamente) no meu blog. Em um mês, todos haviam concluído o processo e estavam com seus resultados em mão. E, para fechar 2017 em alto estilo, nestas duas últimas semanas, estou me reunindo com cada um para analisar os resultados, discutir seus projetos de carreira e escolher competências prioritárias a serem desenvolvidas no próximo ano. A cada reunião individual, sinto-me mais feliz e realizado. É difícil descrever o valor que eles têm dado ao tempo e às dicas de carreira que temos trazido à tona para cada um. Sempre deixo claro que a carreira deles é maior do que a nossa empresa, e que este processo que estamos conduzindo tem como foco o seu desenvolvimento profissional, independente se vão ou não continuar na nossa empresa. É lógico que este processo de desenvolvimento vai nos ajudar a ter resultados melhores, mas não foi prioritariamente isso que me motivou.
Conto essa história para motivar a quem tiver uma equipe e para reforçar o recado do meu último artigo: “antes de criticar o mundo, arrume a sua cama”, ou seja, temos sempre que começar pela nossa cozinha, pelas pessoas que estão ao nosso lado. Se você tem uma equipe, mesmo de uma única pessoa, saiba que faz parte das responsabilidades de um líder desenvolvê-la. E para isso, basta abrir a sua agenda e dedicar um tempo de forma contínua para ajudar quem trabalha com você a evoluir, sem qualquer preocupação se ela estará na empresa no futuro ou não. Aliás, há uma resposta famosa para quem faz a seguinte pergunta: E se eu treinar a pessoa e ela for embora? Resposta: E se você não treinar e ela ficar? Até o próximo!