Há dois anos, estava ministrando a aula inaugural num curso preparatório para o exame da OAB. Nela, o objetivo era montar um planejamento de estudos até o dia da prova, usando um método que desenvolvemos. O ponto mais crítico da aula era o de determinar quantas horas seriam dedicadas a este objetivo. Como a prova tinha data marcada, aproximadamente 70 dias a partir daquela aula, todos tinham que pegar o calendário e estabelecer, dia a dia, o tempo que seria dedicado aos estudos. Uma aluna, que trabalhava dois turnos e cuidava da filha à noite, estava com um baita dilema – como achar mais horas para estudar. Depois de algumas provocações que a fiz, ela parou por um tempo e ficou em silêncio pensando, enquanto todos trabalhavam no plano. Depois de um tempo ela, quase com um grito, eufórica, contou em voz alta (a meu pedido) para a turma a solução. “Já sei, professor, vou pedir para a minha mãe que, durante esses 70 dias, ela fique comigo às noites, para fazer a janta da minha filha e dar banho nela. Com isso, ganharei 1h30 de estudos por dia".
Um ex-aluno de MBA, durante a elaboração do plano de carreira na minha disciplina, concluiu rapidamente que a sua carreira ficaria estagnada sem a fluência no inglês. Gerente há algum tempo, mas sem essa competência, estava vendo oportunidades passarem ao seu lado sem poder aproveitá-las. De novo, após algumas provocações e reflexões, também encontrou uma forma e contou, com muito orgulho, para os colegas de turma. Segundo ele, todas as noites, após a janta, era sua responsabilidade lavar a louça. A esposa cozinhava, ele lavava a louça. Muito justo. Pois bem, como ele mesmo disse, ele era lento, muito lento, nessa tarefa. Gastava em média 1 hora. A solução encontrada? Deu um jeito de fixar seu tablet na parede de frente da pia, colocou um fone de ouvido e transformou aquele momento “inútil” em uma hora de estudos por dia, já que na internet há incontáveis cursos on-line grátis de inglês.
Recentemente, o Prof. Luis Rasquilha ministrou um curso rápido de Inovação Disruptiva na nossa unidade de São Paulo. 5 noites de aula. Pois bem, fui à escola na primeira aula para dar boas vindas aos alunos e o que vejo? Uma ex-aluna nossa, de Sorocaba (90 Km de São Paulo), com a babá, um monte de sacola, carrinho de bebê, etc, e o filho de menos de 6 meses de idade. Quando perguntei o que era aquilo ela respondeu: “Pois é, professor, queria muito fazer este curso e aqui estou”. Trocava o filho, ia para a sala de aula, saia para amamentar, voltava para a sala de aula e assim por diante, por 5 noites. Ao final, o Prof. Luis entregou o diploma e tirou uma foto com ela e com o bebê (com a mãozinha segurando o papel). A foto está no facebook dele.
Pois é, a frase pode ser clichê, mas ela define quem vai e quem não vai. Ela separa os vencedores dos perdedores e ela é a guardiã do que determina o sucesso no longo prazo – a meritocracia. E a frase é: “Quem quer, dá um jeito. Quem não quer, encontra uma desculpa”.
E você? O que quer (de verdade!)? Quais sacrifícios e quais renúncias está disposto a fazer? Até o próximo!