“Orientação para serviços” é oitava competência mais relevante para a próxima década, segundo a pesquisa do Fórum Econômico Mundial. O termo pode parecer meio estranho para assinar uma competência, mas reflete um fenômeno mundial e irreversível – os serviços vão dominar a economia mundial. Em vários países, inclusive no Brasil, os serviços já representam mais de 70% do PIB (Produto Interno Bruto). A produção de bens de consumo (duráveis e não duráveis) cada vez se concentra mais em alguns polos, tendo a China como motor principal. No entanto, os serviços, na sua maioria, estarão sempre mais perto das pessoas e serão locais, com poucas exceções.
As carreiras do futuro tenderão a se polarizar. De um lado, profissionais altamente técnicos e especializados em competências ligadas às novas tecnologias. Mecânico de robôs, engenheiros hospitalares, projetista de exoesqueletos, condutor de drones e por aí vai. De outro lado, as profissões (maioria, na minha visão) que irão fazer o que máquinas não fazem ou farão com limitações, ou seja, lidar com seres humanos. Consultores, cabelereiros, conselheiros, psicólogos, professores, artistas, roteiristas, músicos, entre outros. Na verdade, ao longo das minhas centenas de palestras para jovens sobre as carreiras do futuro e o futuro das carreiras, tenho batido muito nesta tecla. Se por um lado a tecnologia virá cada vez mais forte e substituirá milhões de pessoas por robôs no mercado de trabalho, por outro lado as demandas por serviços irá crescer e não serão atendidas, em muitos casos por robôs, e sim por humanos.
Com certeza, este deve ser o viés que fez com que esta competência aparecesse entre as 10 mais valiosas para a próxima década. Quando se fala em “orientação para serviços”, estamos falando em orientação para pessoas, para atendimento, para relacionamento. E isso é fundamentalmente humano. Ou seja, quanto mais você desenvolver competências ligadas às relações humanas, mais preparado você estará para o futuro do trabalho.
Como caminhar nessa direção? Simples. Trabalhoso, mas simples. Seja mais humano! Invista mais em competências relacionais. Produza mais em equipe. Conviva mais com pessoas. Converse mais e ouça mais. Desenvolva empatia (competência já tratada aqui nesta série). Leia mais romances e poesia, menos livros técnicos (mas leia também!). Conviva mais com a diversidade e aprenda a respeitar quem pensar diferente de você. Olhe mais no olho das pessoas com as quais fala. Ouça mais e fale menos. Enfim, invista mais no seu lado humano e menos técnico. As coisas técnicas serão feitas por especialistas ou por robôs. Aos demais, como nós, cabe investir naquilo que ninguém pode copiar, produzir na China ou entregar para um robô fazer – Saber se relacionar.
Portanto, creio que a próxima década irá - sim - premiar aqueles que souberem ter forte orientação para serviços, sobretudo com lastro na competência “Relacionamento interpessoal”. Em outras palavras, o grande diferencial do ser humano no futuro será “ser humano”. Até o próximo!