Conheço bem o poder transformador da Educação, desde que comecei a dar aulas particulares aos 16 anos de idade. E posso lhe garantir que, ser um instrumento a serviço do crescimento de outras pessoas, além de dar um prazer enorme, traz retornos com coisas boas para você. Quanto mais fazemos os que estão à nossa volta crescer, mais crescemos junto. Talvez, essa seja a matemática mais exata do mundo, mas que poucos enxergam e praticam.
Nos quase 10 anos que “abandonei” a Educação e fui ser executivo, tive a oportunidade de contratar e ajudar a formar muita gente. De estagiários a pessoas com cargos de gerência nas minhas equipes, todos demonstravam valorizar muito os momentos que eu dedicava a ensinar, corrigir, incentivar e compartilhar o que eu sabia. Nunca, nunca mesmo, tive medo de compartilhar conhecimentos. Nunca achei que, ao entregar o “ouro” que tinha nas mãos iria perder poder ou ver meu cargo sob risco. Muito pelo contrário. Sempre achei que quanto mais as pessoas da minha equipe crescessem, mas elas iriam entregar melhores resultados e todos iriam crescer juntos. Em duas oportunidades (se eles lerem este artigo saberão de quem falo), cheguei a reconhecer que ali não haveria no momento uma oportunidade de crescimento e até incentivei-os a buscar uma melhor oportunidade fora. Enfim, o sangue de professor sempre correu nas minhas veias e tenho certeza de que grande parte do que conquistei até hoje se deve ao apoio que tive de pessoas que no passado busquei apoiar e ensinar.
As empresas hoje possuem estruturas muito enxutas. A competitividade global, sem falar da crise recente, fez com que as equipes se reduzissem muito. Todos trabalham muito, acumulam funções e estão esgotados. O tempo é curto, o dinheiro mais ainda, e o volume de trabalho não diminui. Esse cenário, por si só, exige uma equipe comprometida e, principalmente, capacitada. E é aí que entra um dos papeis mais importante dos líderes atuais – o de formar. As desculpas para não fazer isso sobram. A falta de tempo é a maior delas. Mas, como sempre digo, quem quer encontra uma forma e quem não quer encontra uma desculpa. Se um líder não tem tempo para formar a sua equipe e ajudar todos a se desenvolverem, a razão e uma só: Não quer fazer.
Neste ano, estou passando por uma experiência bem legal, que funciona e que quero compartilhar hoje com você. Instituí na minha equipe o nosso momento de formação. Toda quinta, das 16h às 16h30 (horário que mais se mostrou adequado à nossa rotina), paramos tudo, desligamos os telefones e nos reunimos para 30 minutos de formação. O tema de fundo é “desenvolvimento de competências”. Cada semana, discutimos uma das 27 competências que mapeei no meu estudo. Dependendo da competência, avançamos no encontro seguinte, até esgotá-la. Todos juntos, no próprio escritório, cada um na sua estação de trabalho. Todos, inclusive os estagiários (aliás, entre os mais sedentos e que anotam tudo). Tem sido muito bacana. Um momento formal, sem grandes mudanças na rotina e que proporciona uma pílula semanal de conhecimento para todos.
Minha pergunta é uma só: Será que você consegue 30 minutos por semana para compartilhar seus conhecimentos com a sua equipe? Faço questão de reforçar, não estou falando de reunião de trabalho para falar de metas, planos e resultados. Estou falando de formação. Vamos combinar que com um pouco de esforço, isso é possível sim. Faça a experiência. Escolha um horário que menos atrapalhe a rotina e comece. Você verá, em pouco tempo, que a sua postura terá um forte impacto e poderá ser usada como exemplo na própria equipe. A Educação é contagiosa. Quando as pessoas aprendem e percebem que crescem, naturalmente vão fazer o mesmo e o ciclo virtuoso começa a ser trilhado. E, para fechar, quero deixar aqui o meu recado a quem tiver uma equipe, mesmo que de só uma pessoa: “Você só terá uma equipe de alto desempenho se, além das atribuições normais de um gestor, você se transformar em um professor”. Até o próximo!