Artigo 311 – As competências da próxima década

“Você está preparado para a próxima década?”
por Marcelo Veras | 17 de abr de 2017
Artigo 311 – As competências da próxima década

O futuro não é uma caixa preta. Isso está provado desde a década de 1970, quando uma senhora chamada Faith Popcorn testou uma técnica de predição e lançou um relatório com tendências para o ano 2000, quase 30 anos antes. Quem a chamou de louca, mordeu a língua quando a virada do século chegou, porque ela mandou 90% das suas previsões no meio do alvo. A partir daí, ficou provado que o futuro, mesmo tendo as suas imprevisibilidades, não é uma interrogação completa.

Planejar significa “se preparar para qualquer empreendimento futuro seguindo roteiros e métodos determinados”. É isso que consta nos dicionários. Ou seja, como costumo dizer nas minhas aulas, planejar significa “pensar e criar um futuro”. Quando pensamos nas nossas próximas férias, na nossa carreira, no nosso casamento, formatura, entre outros, e começamos a tomar decisões com antecedência para que tudo corra bem quando o dia chegar, estamos planejando. Pensando e criando um futuro que queremos.

Há muitos que não gostam de planejar. Os latinos, nem se fala. Os brasileiros, então, odeiam planejar. Somos o país do jeitinho. “Na hora, a gente dá um jeito”. “Deixa a vida me levar, vida leva eu”, como reza o famoso pagode. A tese de quem não gosta de planejar tem duas bases. A primeira, que o futuro a Deus pertence. Se eu não sei nem se estarei vivo amanhã, para que planejar os próximos 5 anos? A segunda é pior, e diz que planejar aprisiona. Quem planeja tem a vida ditada pelo tal planejamento. Duas justificativas péssimas. A primeira é tão falha que a incoerência impera. Sempre que alguém me diz isso, eu pergunto: “Já que você não sabe se estará vivo amanhã, por que não gasta todo o seu dinheiro hoje?”. Já a segunda base é tão ruim e burra como a primeira. “Planejar aprisiona”. Mentira, é exatamente o oposto. Quando planejo um futuro e me preparo com antecedência, estou me libertando, não me aprisionando. Planejamento liberta, não aprisiona. Quer algo mais fantástico do que se preparar com antecedência e fazer um futuro que você deseja acontecer?

Pois bem, no ano passado o Fórum Econômico Mundial divulgou um relatório chamado “Future of Jobs” (O futuro do trabalho). Nele, profissionais do mundo inteiro foram ouvidos sobre quais serão as competências mais demandadas e, portanto, valorizadas na próxima década (2020 – 2030). A lista traz 10 competências, por ordem de importância: Solução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade, gestão de pessoas, empatia, inteligência emocional, bom senso e tomada de decisão, orientação para serviços, negociação e flexibilidade.

Em primeiro lugar, tenho dito nas minhas aulas e palestras que essa lista é um tapa na cara de todos nós. Das escolas, que desenvolvem tudo menos essas competências, das empresas, que ainda seguem orientadas por um modelo da revolução industrial e, por fim, de nós profissionais, que ainda seguimos priorizando o desenvolvimento de competências técnicas, raras nesta lista.

O que fazer, então? Na minha modesta opinião, está passando da hora de acontecer uma grande revolução na Educação, em todos os níveis. A sala de aula, praticamente a mesma desde o século XIX, precisa mudar. O papel do professor, idem. E, por fim, a nossa postura como profissionais precisa mudar também. Repasse a lista e conte faça me diga se o mundo está pedindo mais competências técnicas ou comportamentais. Nem precisa fazer conta. Basta olhar um pouquinho para o futuro próximo e ver que em breve teremos 8 bilhões de habitantes no planeta, uma expectativa de vida que vai bater 100 anos para saber que teremos um problema  ainda maior com alimentação, água, lixo, moradia, saneamento, intolerância religiosa, terrorismo, trabalho, entre outros. Para resolver essas questões, as competências listadas na pesquisa, principalmente as três primeiras serão as mais valorizadas. E você? Como vai fazer para desenvolvê-las e para oferecê-las ao mercado de trabalho? Até o próximo!

por Marcelo Veras
compartilhar