Artigo 31 – Foco em problema x Foco em solução

por Marcelo Veras | 05 de abr de 2012

“Nunca leve um problema para o seu chefe sem três propostas de solução”

Logo no início da minha carreira, percebi que para me destacar dos meus pares eu precisava encontrar uma forma de entregar algo a mais. Embora não soubesse muito bem o que deveria ser este diferencial, sabia que tinha a ver com solução de problemas ou geração de novas ideias. Não obstante, anos depois, quando tive subordinados pela primeira vez, não demorou mais de um dia para a ficha cair e eu descobrir a resposta.

Problemas! O glamour de ser chefe dura bem menos do que a quantidade de problemas que lhe despejam sobre você. Fiquei muito assustado porque, assim que assumi a minha primeira equipe, muitos dos meus novos subordinados descarregavam problemas na minha mesa tanto quanto cumprimentos de “bom dia”, “boa tarde”. Cada um que se chegava trazia o seu problema portátil. Às vezes até dois, ou mais. Comecei a especular se não se tratava de uma espécie bizarra de competição. Ninguém entrava para me dar uma notícia boa, ou para me convidar para um chopp ou até para me elogiar. Era só problema. Problemas ad aeternum. Confesso que pensei: - Caramba, se a vida de chefe for mesmo essa qual é a vantagem?

Com o tempo, vi que a coisa não era tão assustadora assim. Vi que existem pessoas que não batem na porta da sala do chefe somente para lhe importar problemas. No entanto, observei que uma bela maioria ainda sofre desse mal, como se a empresa pagasse um salário para uma pessoa ficar lá dia após dia mapeando e apresentando problemas.

Um belo dia, já com mais experiência e com algumas equipes no currículo, tomei uma decisão importante, que mudou a minha vida e a de quem trabalhasse comigo dali pra frente. Esta ideia foi inspirada na minha paixão pela didática.

Comecei convocando os meus subordinados à minha sala e esclarecendo, de forma tranquila e detalhada, que a partir daquele momento haveria uma regra a ser seguida na nossa equipe. Era simples. Quem entrasse na minha sala com um problema, teria que me trazer o problema em si e três propostas de solução. O meu papel, portanto, seria ajudá-los a escolher a melhor alternativa ou propor uma nova. Todos concordaram e (acho) compraram a ideia. Não foi simples no começo, até porque tenho certeza de que alguns cultivavam o conceito de que a função de chefe seria exclusivamente descascar abacaxis.

O fato é que deu mesmo certo, pois, dali pra frente, tudo mudou. Este pacto mudou a dinâmica de como as coisas eram tratadas e a percepção de todos sobre o real papel de um profissional. Em outras palavras, todos começaram a entender que não eram contratados e pagos para levantarem obstáculos. Mas para trazerem soluções. Isso parece tão óbvio, mas existe um batalhão de gente espalhada pelo mundo e pelas empresas padecendo desse astigmatismo profissional já que não enxergam algo tão claro.

Na nossa pesquisa da ESAMC com líderes empresariais, o penúltimo atributo da competência (comprometimento) é exatamente este: Foco em soluções e não em problemas. Muito citado, demandado e valorizado atualmente. Simples de entender e, com esta dica, fácil de fazer.

Se você tem uma equipe ou um único subordinado, coloque esta regra e sinta os resultados. Todos crescerão e agradecerão no futuro por você ter sido um(a) grande líder, porque, no fundo, um grande líder não é apenas um grande comandante, mas também um bom professor.

E se você tem chefe, nunca, mas nunca mesmo, entre na sua sala com um problema e um ponto final. Leve sempre três propostas de solução. Você verá que a confiança em você aumentará e que você será reconhecido como alguém que tem foco em soluções, não em problemas.

por Marcelo Veras
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