Você conhece, já teve ou tem, um chefe egoísta, que não ajuda, não compartilha o que sabe, não se preocupa com o crescimento da sua equipe e que só pensa em si? Se sim, vamos à segunda pergunta: Se algum dia alguém lhe pedir referências sobre esta pessoa, o que você dirá? Ou se algum dia, ele(a) precisar do seu endosso ou apoio, o que você fará?
A capacidade de liderar é hoje (e no futuro) tão importante, mas tão importante, que sempre que possível, os recrutadores e o alto escalão das empresas querem ouvir os subordinados da pessoa que está sendo cotada para uma vaga de liderança. Aliás, ninguém melhor do que os próprios liderados para falar do seu líder.
Sei que existem pessoas que são quase perfeitas na arte de perdoar e passar por cima de mágoas passadas, mas a imensa maioria da raça humana, minimamente, devolve o que recebe. Se me tratam bem, trato bem. Se me ajudam, ajudo. Como sempre defendo, as relações, pelo menos a maioria delas, é regida por relações de causa e efeito. Portanto, um chefe receberá do seu time a exata medida do que lhes der. Claro que, pela pressão do cargo e do poder para demitir, qualquer chefe terá alguma dedicação e entrega por parte do seu time. Mas, geralmente, o nível de comprometimento será diretamente proporcional ao que o grupo tiver do seu líder. É justo, não? Por que eu me mataria e daria o meu máximo para alguém que está se lixando para mim, que não me faz crescer e que demonstra pouco interesse por mim? Há quem diga que isso é da natureza humana.
Parece óbvio, não? Mas, esta obviedade é tão presente e, ao mesmo tempo, tão pouco enxergada, que fico me perguntando: Será que as pessoas não percebem que terão de volta exatamente aquilo que derem aos outros? Por que será que é tão difícil se dar conta disso?
Adam Grant, no seu maravilhoso livro “Dar e Receber”, prova quase matematicamente esse efeito. De maneira brilhante, classifica os profissionais em três tipos: Os doadores, os tomadores e os compensadores. E prova, com muitos exemplos e casos reais, que os doadores vão mais longe. Gosto muito desse texto. Ele é um dos que me ajudaram a entender o sucesso profissional e as competências que fazem com que a nossa carreira tenha um bom rumo.
Nas minhas entrevistas ao longo desses últimos 10 anos, também tenho feito uma pergunta aos meus entrevistados. Ao final da conversa, quando já cumpri o meu protocolo da pesquisa, sempre pergunto: “Você acha que mais puxado ou empurrado na sua carreira?”. E explico, “os seus superiores lhe ajudaram mais a crescer ou seus pares e subordinados?”. A resposta, por mais estranha que possa parece é quase unânime: empurrado(a). Ou seja, seus pares e subordinados têm hoje mais poder de alavancar a sua carreira do que seus chefes. Acredita? Caso não acredite, está na hora de mudar rapidamente a sua opinião.
Portanto, para fechar o ciclo desse raciocínio, peço que me responda: Quando você ajuda seus pares, compartilha o que sabe e tenta fazê-los crescer, e você é promovido para virar chefe deles, o que acha que eles vão lhe devolver? Apoio ou boicote? Vamos a outra: Quando você ajuda a sua equipe a crescer, investe no desenvolvimento pessoal e profissional de cada um e partilha os seus conhecimentos, e um dia é cotado para subir mais um degrau na empresa. O que acha que essas pessoas falarão de você se forem questionadas sobre a sua capacidade de ocupar um cargo melhor?
Simples, não? Quase um clichê. Uma mera relação de causa e efeito, mas que representa uma das maiores cegueiras do mundo atual. Não caia nessa. Até o próximo!