“Quando você não está feliz, é preciso ser forte para mudar, resistir à tentação do retorno.O fraco não vai a lugar algum”. (Ayrton Senna)
Aqui estou eu de novo com os meus “panos de fundo”. Se você leu os artigos 1 e 2, pode estar se perguntando até onde isso vai e quando eu começo para valer a cumprir com o que combinei quando comecei a escrever, ou seja, falar de planejamento de carreira e competências.
A notícia ruim é que eu ainda quero colocar neste longo preâmbulo alguns “panos de fundo”, que virão nos próximos cinco artigos: Valores, Ética, Parcerias de sucesso, Coerência e Competição. A notícia boa é que paro por aí. Depois de fazê-lo (a) pensar nestes temas, sinto-me a vontade para começar a compartilhar com você o conhecimento sobre carreira e competências que construímos na ESAMC nos últimos anos.
Bom, o tema de hoje é vocação. Em uma pesquisa rápida em vários dicionários, você verá que esta palavra está associada a “tendência, gosto por algo”. Em alguns até aparece o termo “Talento”. Os padres e pastores afirmam a todo momento que “exercem a sua vocação”. Mas a pergunta que ouço com freqüência e que quero discutir hoje é a seguinte: “- Como sei se estou realmente fazendo aquilo que gosto?”. “Como descubro a minha vocação profissional? “. Conheço poucas pessoas que não se fazem esta pergunta pelo menos uma vez ao ano. Além do mais, sempre que alguém de sucesso inquestionável fala sobre os fatores que foram determinantes para chegar lá, cita textualmente: “Cheguei até aqui porque sempre fiz o que gosto”. Ou “Quando a gente gosta do que faz, o trabalho vira uma diversão”. Você já ouviu isso?. Dá raiva às vezes, não dá?. Como assim? Trabalho = diversão?.
O fato é que esta questão, embora apenas lembrada algumas vezes e em situações equivocadas, leva muitas pessoas a passarem anos se martirizando e querendo cortar os pulsos quando o despertador toca toda segunda-feira de manhã. O pior é que a maioria só pensa nisso em momentos de infelicidade ou insatisfação profissional. E quase sempre não chega a conclusão nenhuma e continua na mesma. Tem muita gente trabalhando naquilo que não tem nada a ver com a sua real vocação. Seja por dinheiro, por falta de oportunidade ou até mesmo por comodismo.
A minha visão sobre este tema é muito pragmática. Entendo que o mundo atual, cheio de oportunidades e novos desafios, acaba criando uma série de situações em que as pessoas são levadas para áreas de atuação por motivos diversos e que passam longe de vocação. Em uma pesquisa com mais 1 milhão de pessoas em 63 países, os autores do livro “Descubra seus pontos fortes”, mostram que 80% dos entrevistados não acreditam que estão usando as suas reais potencialidades. Faça esta pesquisa você mesmo (a) com umas 10 pessoas e se surpreenderá com as respostas. O preço pago pelas empresas e pelas pessoas é incalculável. Este, talvez,, seja o maior desperdício que exista hoje no mundo empresarial.Já li um pouco a respeito das várias visões sobre o melhor caminho para se encontrar a real vocação. Este tema, por se tratar de comportamento humano, é bastante explorado pela área de psicologia. Foi aí que surgiram os chamados testes vocacionais, às vezes procurados como salvadores da pátria. Eu mesmo fiz um quando tinha 17 anos e estava quase pirando antes de decidir que curso fazer na faculdade. Uma tragédia. Alguns dirão que, se deu errado, a culpa foi minha. Talvez seja. Talvez eu não tenha sido sincero nas respostas. Talvez. Mas o fato é que comigo não funcionou.
A tese que mais me agradou até hoje defende que só há um lugar para descobrirmos a nossa real vocação: A nossa história de vida. Isso mesmo. Na nossa história de vida estão todos os elementos que precisamos para descobrir o que mais nos dá prazer e onde temos as maiores chances de sucesso.
A maioria das pessoas já deve ter lido uma biografia. Mas conheço poucas que escreveram a sua auto-biografia. Pois bem, esta é a dica de hoje. Você quer explorar um pouco este tema e tentar descobrir se você está “exercendo a sua vocação”? Então faça o seguinte. Sente-se na frente do seu computador com um editor de textos na tela e escreva a sua história de vida. Não importa se vai escrever muito ou pouco. Coloque aquilo que seja importante para você. Não se policie. Deixe as informações fluírem. Inclua tanto a sua experiência pessoal como a de carreira. Considere seus anos de formação, seu histórico profissional, seus momentos de lazer, seu relacionamento com a família, amigos e conhecidos. Para ajudá-lo a recordar, utilize a ordem cronológica e vá progredindo até os dias de hoje. Use todo material que você tiver para ajudá-lo a recordar-se, como: anotações, diários, agendas, cartas, álbuns de fotografia, familiares e outros.
Quando acabar, faça um quadro-resumo, destacando os pontos mais importantes, as pessoas mais importantes e os eventos mais importantes. Há uma grande probabilidade de você enxergar coisas em relação a você e à sua vocação que a correria do dia a dia não permite. A quantidade de testemunhos positivos que já ouvi em relação a esta experiência é impressionante. Que tal tentar?.
Até o próximo!