Artigo 297 – Diploma x Conhecimento

“O que está no papel não interessa muito. O que interessa é o que está na cabeça”
por Marcelo Veras | 09 de jan de 2017
Artigo 297 – Diploma x Conhecimento

Você já viu alguém pedir cópia de diploma em entrevista? Conhece alguém que teve que apresentar seus diplomas ou certificados ao ser contratado? Conheço um caso apenas. Professores ao serem contratados devem entregar cópias de seus diplomas para efeito de registro, por exigência de órgãos reguladores. Ou seja, porque a lei exige. Fora isso, não conheço muitos exemplos. Na imensa maioria das contratações, as empresas ficam satisfeitas com o que leem no currículo e ouvem nas entrevistas. Raramente pedem comprovações. Contratam, entregam o uniforme, a chuteira e avaliam o desempenho do profissional no campo de jogo.

Por que será que isso acontece? Será que as empresas não ligam para diplomas? Esse pedaço de papel, tão “importante”, que descreve o curso que fiz, a sua duração e o seu grau, está perdendo a importância?

Na minha visão, a resposta é simples: O mundo está mais preocupado com o desempenho real do que com as declarações de intenção. No fundo, sempre foi assim. Se pararmos para pensar, os diplomas e certificados representam meramente uma formalidade e um cartão de visita. Eles abrem portas, mas não garantem sucesso algum. As empresas estão pouco preocupadas com esses “papéis”. Elas querem ver o desempenho na prática.

Se diplomas fossem tão importantes assim, não haveria pessoas formadas em escolas de ponta desempregadas. E há, muitas. Também quase a totalidade dos cargos de liderança nas empresas seriam ocupados por pessoas formadas em escolas de primeira linha. E não são. O inglês é outro belo exemplo. De que vale um diploma de proficiência conseguido há 10 anos em um órgão internacional se o detentor não tiver praticado a língua e hoje não conseguir se comunicar bem? Nada, não vale nada.

Veja, não estou aqui dizendo que os diplomas vão acabar ou perder totalmente a sua importância. Como já disse, eles abrem portas. Mas o que digo de forma muito clara é que não se pode, em hipótese alguma, achar que títulos representam bons desempenhos. Já contratei professores com titulações invejáveis e que foram um desastre em sala de aula. Já contratei profissionais de marketing com belos currículos mas que tinham seríssimas deficiências conceituais sobre precificação ou estratégias de comunicação.

Sempre alerto os meus alunos para essa questão. Recentemente contei para uma turma de planejamento de carreira que quando acabei o meu primeiro MBA fui chamado para uma conversa com um alto líder da organização que eu trabalhava (que pagou o meu MBA) e, ao longo de uma conversa “despretensiosa”, fui perguntado sobre a diferença entre custo e despesa. Só para você entender melhor, para quem fez um MBA, saber a diferença entre custo e despesa é tão básico como um dentista saber a diferença entre dente e gengiva. Entendeu? Pois bem, imagine você se eu não respondo, corretamente, essa pergunta. Minha carreira naquela empresa acabaria ali.

Portanto a reflexão de hoje é essa. Tenha um bom currículo, invista na sua formação e guarde seus diplomas com muito carinho, mas nunca, nunca mesmo, acredite que diplomas serão responsáveis pelo seu sucesso. O que vai determinar o seu sucesso é a sua capacidade de colocar em prática aquilo que estudou e aprendeu. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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