Acabo de participar como palestrante no VII Congresso Internacional de Saúde Mental no Trabalho, na cidade de Goiânia. Evento robusto, com três dias de duração e casa cheia. Na agenda, conferências, painéis, debates e palestras. Todas com um pano de fundo que é o tema do congresso – “Gestão de Pessoas: Desafios do Século XXI”.
Dividi mesa com um outro colega professor do Rio de Janeiro e com Carla Zannini, Advogada Trabalhista e Presidente do Instituto Goiano de Direito do Trabalho. Após as nossas falas, fomos debater com o público presente. Uma chuva de perguntas e pouco tempo para discutir o assunto do momento – Por que o número de ações trabalhistas por assédio moral crescem tanto? Por que as pessoas estão adoecendo no ambiente de trabalho?
Quem me conhece já sabe das minhas posições. Tenho sido um duro crítico ao perfil médio dos gestores atuais nas empresas. O nível da liderança atual, na minha visão, é muito ruim. Pessoas despreparadas, sem cultura geral, sem capacidade de comunicação e engajamento, sem empatia, que não criam ambientes pautados pela meritocracia, pelo respeito e, pior, que não dão o exemplo. Ou seja, um perfil médio de liderança que destrói mais do que constrói, que expulsa os melhores talentos das empresas e, pior, adoece os que ficam.
A Carla, na sua fala, disse que no seu escritório de advocacia, a cada 10 pessoas que chegam querendo mover processos contra a empresa, 7 estão motivados por raiva dos seus chefes e não da empresa. “Eu nem queria mover este processo. Não tenho nada contra a empresa, mas o meu chefe me destratou, me humilhou e me fez sentir péssimo”. Este foi um dos discursos que ela diz ouvir todos os dias.
Quando olhamos para as estatísticas, os números não mentem. 80% das pessoas afirmam que pediram demissão dos seus chefes e não da empresa. 66% dos jovens com até 17 anos não querem ser empregados, mas sim ter o seu próprio negócio. Ou seja, está muito chato hoje trabalhar em empresas convencionais, moldadas pela revolução industrial e ainda mais com o perfil médio das pessoas que foram colocadas em cargos de gestão. A síntese? As pessoas estão adoecendo. A saúde mental está pagando a conta. E vamos combinar uma coisa, não é apenas a crise pela qual passamos. Em tempo de crise, obviamente a temperatura na panela ferve e a pressão aumenta. Mas esse fenômeno é antigo. Falo dele aqui há anos. Existe hoje uma escassez gigantesca de bons líderes. Pessoas que inspirem, deem o exemplo, motivem, ajudem seus liderados a se desenvolverem como profissional e como pessoa e que sejam confiáveis. Está difícil achar profissionais com estes predicados. Muito difícil.
Neste congresso dei o meu recado, como sempre reforçando a importância das atitudes que um bom líder deve ter ou desenvolver. Bati forte, mais uma vez, na importância do autoconhecimento. Quem não se conhece muito bem nunca terá a capacidade de liderar com eficácia. Apresentei todos os atributos e as habilidades de um bom líder. O caminho não é difícil, basta querer se desenvolver e focar tempo, além de energia. Mas parece que essa ficha ainda não caiu. As empresas hoje, com raríssimas exceções, têm se transformado em fábricas de loucos e doentes. Até o próximo!