Meu amigo Ricardo Basaglia trabalha com recrutamento há anos e, inclusive, na maior empresa do setor no Brasil. Mal nos conhecemos, ele me contou uma característica do seu segmento e que me chamou muito a atenção. As empresas de recrutamento conseguem ter um termômetro mais antecipado sobre início e fim de crises. E isso acontece por uma razão muito simples de entender. Antes de começarem a demitir, as empresas param de contratar. Além disso, em tempos de vento a favor, 80% das contratações são para expansão de negócios e apenas 20% para substituição. Na crise, é exatamente o inverso. Por outro lado, quando as empresas enxergam que a crise vai acabar, retomam as contratações e manifestam preocupação com a perda de oportunidades caso não tenham profissionais para retomarem o crescimento. Ou seja, quando a chave do otimismo vira, os investimentos e contratações são retomados e o termo “crise” começa a sair das conversas.
Na minha disciplina de planejamento de carreira, reservo sempre uma aula para trazer um profissional de recrutamento para conversar com os alunos. O próprio Ricardo já participou diversas vezes compartilhando as demandas mais atuais daqueles que contratam uma empresa de recrutamento. Sempre é um momento fantástico para os alunos.
Pois bem, na semana passada um outro amigo, Lucas Toledo, veio dar o seu recado para a minha turma de MBA. Falou sobre processos seletivos, dicas para uma boa entrevista etc. Mas, sem sombra de dúvidas, o que causou a
maior euforia foi o seu depoimento sobre o momento do Brasil e a visão atual dos presidentes de empresas. Vale lembrar que ele senta com cerca de 3 presidentes de grandes corporações, em média, por semana.
Quando ele começou a dizer o que mais tem ouvido recentemente desses líderes, os olhos dos alunos começavam a se arregalar e brilhar. Os meus também. Com uma clareza de dar inveja, ele afirmou que 10 em cada 10 presidentes de empresa com quem conversa, manifestam interesse em crescer, investir e contratar nos próximos meses. Muitos deles, em função da crise, tiveram que enxugar tanto, mas tanto, que agora estão com medo de não conseguirem colocar a empresa em rota de crescimento por falta de pessoas.
Isso é um termômetro maravilhoso, considerando os nossos péssimos anos de 2015 e metade de 2016. Vale lembrar que por meses houve cerca de 8.000 demissões por dia no Brasil. Muitos desses profissionais ainda estão sem trabalho e em busca de recolocação. Mas o cenário futuro, segundo a maior empresa de recrutamento de executivos do Brasil, é bom.
Os mais jovens não sabem disso, mas nós que já temos cabelos brancos sabemos que o mundo é cíclico. Já passamos por outras crises no Brasil. Elas vêm e vão. Sempre deixam seus rastros de certa destruição, mas sempre, invariavelmente, nos deixam mais fortes. E esta não é diferente. Se tudo correr bem, o pior já passou e agora devemos entrar em um bom ciclo.
O que fazer com esta informação? Na minha visão, em primeiro lugar, é parar de falar de crise. Independente da forma com a qual ela lhe atingiu, é hora de fazer contatos, se atualizar, ir à luta e se apresentar como um profissional que está pronto para ajudar as empresas a retomarem o crescimento. O pior já passou. É hora de procurar oportunidades com mais afinco e determinação. O sinal está dado e é muito claro. Até o próximo!