Já escrevi outras vezes sobre este tema, mas não me canso de bater nesta tecla, pois sei que a repetição é ingrediente básico para o aprendizado. Também sei que “em terra de cego, quem tem um olho é rei”, como diz o velho ditado. E o rei desse país chega na hora. Adoro o Brasil, mas vamos concordar que o nosso país é bem estranho em algumas coisas. Pontualidade é uma delas. Este não é, definitivamente, o nosso ponto forte. Das obras para as Olimpíadas às reuniões nas empresas, do médico que escreve “hora marcada” para a consulta que começa com os famosos “15 minutos de tolerância”, tudo atrasa. O atraso no Brasil é a regra, não a exceção. Isso é uma pena. Parte do nosso atraso como país vem daí. Já que atrasar é cultural, vivemos num atraso. Este pacto coletivo pelo atraso gera um descaso generalizado com a excelência. O atraso carrega consigo uma espécie de permissão para a mediocridade. Se algo não consegue sair no prazo, por que teria que ser perfeito no resto? Uma coisa puxa a outra. Esse é um gatilho para várias mazelas.
Fui educado com regras muito duras em relação a ser pontual. Sofri muito no começo, mas hoje faço disso mais um atributo de diferenciação. E uso ao meu favor desde que comecei a minha carreira. Sou neurótico com o relógio. Estou sempre 30 minutos adiantado para qualquer compromisso. Sempre trabalho com uma margem absurda de tempo para cumprir prazos combinados. Ouço muita crítica e algumas piadas sobre este meu “defeito”. "Você é muito exagerado com esse negócio de tempo. Precisa relaxar mais!" Nem sei dizer quantas vezes já ouvi isso na vida. Ouço calado, solto aquele sorrisinho sem graça e sigo fazendo o mesmo. Por uma razão muito simples, acredito que a excelência começa com a pontualidade. E vi, como meus próprios olhos, que o simples fato de ser pontual, gerou sempre satisfação e tranquilidade muito grandes em quem me empregou. Confiaram-me muitos projetos e novos desafios no início da minha carreira por ter esta característica. Os meus concorrentes diretos, por incrível que pareça, nem se tocaram dessa vantagem.
A característica de ser pontual é cada dia mais valorizada ao longo da carreira, independente de cargo, perfil de empresa ou qualquer outra coisa. Ser pontual é algo tão raro, mas tão raro, que aquele profissional que tem já se destaca logo de cara.
O tempo hoje é o ditador do século XXI. O recurso mais escasso e mais valioso que empresas e profissionais têm para gerenciar. Tudo hoje esbarra neste limitador. Sair na frente é tão (ou mais) importante do que fazer algo bombástico. O famoso e tão citado “Timming” é um ponto importante que, muitas vezes, define o sucesso de uma empresa perante seus concorrentes. E, na minha visão, o impacto disso em uma carreira também é devastador, no bom sentido. Um profissional que cumpre prazos e é pontual SEMPRE é um profissional que carrega consigo um atributo entre os mais valorizados no mundo atual, quando tanto se fala em marketing de serviços: a confiabilidade. E por que o paralelo com o marketing de serviços? Por uma razão muito simples e objetiva. Na verdade, somos, em última instância, prestadores de serviço. E como prestador de serviço, todo profissional deve ser pontual em tudo o que faz. Isso gera credibilidade e confiança.
É pegar ou largar. Ficar na manada dos não-pontuais ou sair dela. Recomendo a segunda opção. Comece a chegar pontualmente em todos os compromissos, da festa de casamento à reunião semanal da sua equipe, sem exceção. Entregue no prazo tudo que ficar sob sua responsabilidade. Se você for gestor e tiver uma equipe, dê o exemplo e cobre de forma dura e direta a pontualidade de todos, em tudo. Peque sempre pelo excesso e nunca pela falta. Se as piadas vierem, que entrem por um ouvido e saiam pelo outro. E que estas pessoas que zombam desta qualidade rara hoje continuem assim. Serão concorrentes fáceis de bater, sem nem notarem que o mundo hoje não é dos que falam, mas dos que fazem e fazem no prazo. Até o próximo!