Tenho tratado nos últimos textos de um processo seletivo que estamos conduzindo na Inova Business School e que está dando o que falar. Até hoje, ainda recebo e-mails com curiosidades e questionamentos sobre os meus últimos artigos aqui neste espaço.
Pois bem, duas semanas atrás, disse aqui que 14, dos 95 currículos que recebemos para as vagas de analista de marketing, não foram chamados para a entrevista porque não tinham feito, nos últimos 24 meses, nem sequer um curso de atualização profissional. Este foi um critério de eliminação. Muitos podem não concordar com ele, mas garanto que a maioria das empresas de recrutamento o usam sem economias. E se pararmos para pensar, veremos que ele é fantástico e muito eficaz. E não digo isso apenas porque é fácil de identificar no currículo, mas principalmente porque essa informação diz muito sobre o candidato.
Pense e responda: Que pistas sobre as suas competências e posturas no ambiente de trabalho uma pessoa dá quando mostra no currículo que não se atualiza na sua área há muito tempo? Vamos lá, sem emoção, pense e responda. Alguém que está há 2 anos sem fazer um curso ou participar de um evento na sua área, transmite qual mensagem?
Caro leitor, se tem uma coisa que hoje todos nós sabemos e sentimos na pele é que o mundo vive em constante mudança. Todos os dias, uma nova tecnologia muda tudo, a nossa forma de trabalhar, conviver e se relacionar. As novidades chegam numa velocidade assustadora. As ferramentas mudam o tempo todo. Os processos de trabalho mudam a cada minuto. Já há teses de mestrado sendo defendidas afirmando que o conhecimento em breve terá prazo de validade. Ou seja, em menos de uma década os nossos diplomas terão prazo de validade no verso, assim como pão, margarina e remédios. Pode escrever. Assim será.
A causa disso é simples de entender. Como diz Lulu Santos, “Tudo muda o tempo todo no mundo”. Ou seja, o que aprendi hoje pode não servir para muita coisa em 2 a 3 anos. Sei disso por experiência própria. Fiz meu primeiro MBA em Marketing em 1997 e concluí em 1999. Tenho plena convicção de que se eu usar as ferramentas que aprendi naquela época no momento atual, provavelmente quebraria uma empresa. O mundo mudou. O comportamento dos consumidores mudou. As ferramentas de comunicação mudaram. E isso, sem dúvida alguma, produziu novos conhecimentos, novas ferramentas e novos métodos que fizeram com que aquilo (ou parte) que aprendi virasse peça de museu. Simples assim.
Portanto, a atualização profissional, hoje mais do que nunca, é crucial para a nossa sobrevivência neste mercado tão competitivo. Não dá mais para parar de estudar. Nunca, mas nunca mesmo. E isso é avaliado, cada vez com mais peso, nos currículos que analisamos. E tem mais, a quantidade de conhecimento gratuito que existe hoje é imensurável. Não há desculpa para não se atualizar, nem falta de dinheiro. Quem não tem uma linha no currículo de atualização profissional nos últimos 6 meses é porque não quer mesmo.
Desta forma, um currículo que não traz um investimento contínuo em Educação é um currículo ruim, por definição. E, respondendo a pergunta que fiz, a mensagem que passa para os recrutadores é de alguém acomodado, que não se atualiza e que, por consequência, não está preparado para os desafios que virão. Repito, essa não é uma posição minha, mas do mercado. Gostemos ou não.
Agora a bola está com você. Pense, avaliei e decida o que vai fazer com essa informação. Eu já decidi. Se eu parar de estudar, estou morto como profissional.