Portugal foi campeão da Euro 2016 ganhando de 1 x 0 dos franceses no segundo tempo da prorrogação. A Alemanha bateu a Argentina na final da última copa do mundo também por 1 x 0 e também no segundo tempo da prorrogação. O que há de semelhante nos dois casos? Detalhes. Quando os competidores são muito bons e do mesmo nível, ou igualmente esforçados, são os detalhes que vão fazer a diferença e decidir o jogo. Nestes casos, um lance, um descuido e fim de papo.
Assim também é a nossa carreira. Num momento como o atual, onde há mais oferta de profissionais do que vagas disponíveis, todos os detalhes fazem uma grande diferença e podem decidir quem vai e quem não vai. Um aperto de mão, um olhar, um traje, uma palavra ou uma crase errada no currículo. Essas coisas são sempre importantes, mas hoje podem ser decisivas. Digo isso porque quero concluir o artigo da semana passada contando o que aconteceu com as entrevistas que marquei. Lembram-se do caso? Abrimos duas vagas na empresa para analista de marketing. Dos 95 currículos cadastrados, selecionei apenas 9 para entrevistar. No artigo anterior, conto os motivos de não ter chamado os outros 86 para conversar. Mas vamos ao que interessa hoje: como foram as 9 entrevistas.
Bom, primeiro não foram 9, mas apenas 7. Por que? Dois motivos: Um candidato não foi encontrado. Ligamos para todos os telefones e nenhum atendia. Deixamos recado e não retornou. Enviamos e-mail e não respondeu. O segundo caso foi mais “legal”. A pessoa não tinha disponibilidade para fazer a entrevista. Nunca. Passei a minha agenda para a minha assistente com vários horários (manhã, tarde e noite), ao longo de duas semanas. A pessoa disse que não podia em nenhum. Ao perguntar opções de horários adequadas para a candidata, a minha assistente ouviu: “Hum, não sei se consigo este mês. Mas, que vaga é essa mesmo?”. Bom, sei lá, vai ver a pessoa se cadastrou só por hobby.
Fiz a entrevista com os 7 e foram muito boas. Perfis diferentes, mas todos muito bons. Pena que só temos duas vagas, porque eu adoraria contratar uns 4 dos que falei. Mas quero destacar dois fatos, um bom e um ruim, que também podem lhe servir como uma dica interessante.
Vamos primeiro ao ruim. Um candidato, ao vir para a entrevista, estava com dificuldades de achar a rua. Ligou e foi atendido pela minha assistente (que azar, neste caso). Ao tentar explicar a melhor maneira de chegar, ouviu um sonoro “Ah, não estou entendendo nada. Deixe que eu me viro”. E pimba, desligou o telefone na cara. Bom, quando ela me contou isso, você imagina que fiz a entrevista já com um ânimo do tamanho de uma formiga. Se já tratou assim um possível futuro colega de trabalho, imaginem o resto.
E o caso positivo. Um dos candidatos foi selecionado porque tinha um perfil e uma formação ótimos. No meio do seu currículo, um único erro (de crase, para variar). Mas mesmo assim chamei. Quando começamos a entrevista, já apontei o erro e disse: “O seu currículo é ótimo, mas tira essa crase daqui, ok?”. Ele abriu um sorriso, pediu desculpas e agradeceu a bronca. Fizemos a entrevista e adorei tudo. No outro dia bem cedo, qual foi a minha surpresa? Recebo um e-mail dele, agradecendo a entrevista, a oportunidade e, mais uma vez, a bronca pelo erro de português. Além disso, um novo arquivo com seu currículo anexado e uma frase no meio do texto do e-mail. “Segue meu CV corrigido, pois quando erramos, nada mais justo do que corrigir. Estou à disposição (com crase) para quaisquer informações complementares”.
Que tal essa postura? É das mais animadoras, não acham? Eu gostei muito. Ela diz muita coisa. Até o próximo!