Artigo 270 – Autenticidade – Parte II

Os autênticos são punidos ou premiados?”
por Marcelo Veras | 04 de jul de 2016
Artigo 270 – Autenticidade – Parte II

Recebi uma chuva de e-mails após o artigo da semana passada. Nele, discorri sobre a competência “Autenticidade” e praticamente fiz uma homenagem a uma das pessoas mais autênticas que já conheci até hoje – a Badu, com quem trabalho há mais de uma década. Vários leitores, alunos e ex-alunos me escreveram questionando o real valor que as empresas dão às pessoas autênticas. Posso resumir todos os questionamentos de uma única pergunta: “Professor, será mesmo que as empresas querem e valorizam pessoas autênticas?” Vários citaram casos vividos onde profissionais deste naipe foram punidos, ao mesmo tempo em que sujeitos de natureza genérica - para usar um eufemismo – artigos piratas, foram promovidos. Aliás, eu mesmo já vivenciei caso parecido. Bom, tais questionamentos me fizerem escrever esta parte II.

Mas, vamos lá! Vamos deixar a emoção de lado e analisar a situação com calma, clareza e com uma visão mais ampla do que simplesmente tecer conclusões a partir de situações momentâneas.

Responda. Aliás, pergunte a você mesmo: Você acha que a falsidade, mesmo que momentaneamente, poderia dar resultados perenes? O que é falso consegue se sustentar para sempre? Pare e pense. Será que que alguém conseguiria encenar um papel durante a vida toda e para todos com os quais convive? Se você acredita que sim, vamos à segunda pergunta: Você acha que a falsidade constrói relações de confiança e faz que com que as pessoas à sua volta queiram lhe ajudar a crescer?

Veja, são perguntas simples, mas que exigem uma visão de médio e longo prazos. Por sinal, como sempre defendi, a carreira não é uma corrida de 200 metros, mas uma maratona de 42 quilômetros. Portanto, o que dá resultado no curto prazo não necessariamente edifica uma carreira de sucesso no médio e longo. Concorda?

Além disso, você acha que a falta de autenticidade não é percebida pelos outros? Claro que é. Assim como, na maioria das vezes, sabemos distinguir um produto falso de um verdadeiro, percebemos claramente quando uma pessoa é autêntica ou não. E isso nos faz construir e divulgar essa imagem sempre que tivermos a oportunidade. Isso é humano. Espalhamos notícias boas e ruins. Portanto, quem acha que a falta de autenticidade tem algum valor, precisa rever seus conceitos.

Sim, há empresas, departamentos e chefes que cultivam um ambiente de falsidade. Isso é inegável. Mas também é verdade que os bons profissionais, aqueles que acreditam no resultado do trabalho e na meritocracia, vão embora desses lugares, que normalmente acabam virando um reduto de medíocres encenando o que não são.

Tendo dito isso, respondo em alto e bom tom a todos os que me escreveram com essa dúvida cruel: Sim, vale a pena ser autêntico, se cercar de pessoas autênticas e cultivar um ambiente onde as pessoas possam ser quem elas são. Isso não significa poder fazer tudo ou dizer tudo a qualquer momento. Há fóruns e momentos corretos para colocarmos as nossas opiniões. E também temos que saber que nem sempre elas serão acatadas. Mas a história tem provado que as empresas que mais crescem são aquelas que, além de outros fatores, cultivam ambientes onde as pessoas possam dar o seu melhor e se sentirem livres para colocar suas opiniões.

Se você tem essa competência comportamental mas está numa empresa que não valoriza ou tem um chefe que não valoriza, troque de empresa ou de chefe assim que puder. Mas nunca, nunca, se transforme num produto pirata. Até o próximo!

por Marcelo Veras
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