Você é influenciável? Tem suas opiniões, convicções e as segue independente de qualquer coisa ou está sujeito a influências alheias? Somos o que somos ou somos meros produtos do meio em que vivemos? Estas são perguntas tão intrigantes quanto antigas. Particularmente, defendo há anos que o meio e as pessoas com as quais convivemos têm um papel muito importante no que somos, fazemos ou deixamos de fazer. Uma frase de um amigo, que uso há anos diz “que somos a média das cinco pessoas com as quais mais convivemos”.
Pesquisas recentes engrossam a fila de argumentos para a tese da influência externa. Malcolm Gladwell, de quem sou fã e li todos os livros, dedica um capítulo inteiro em um dos seus textos ao tema, provando quase matematicamente que somos produtos do meio. Em um experimento fantástico envolvendo a história do bom samaritano, mostra como as variáveis do meio no qual estamos inseridos podem mudar radicalmente o nosso comportamento. Recentemente tive acesso a mais uma pesquisa sobre o tema. Esta me deixou extasiado, mas não surpreso. Esta mapeou o perfil ético das pessoas e concluiu que: 10% das pessoas são não aderentes a padrões éticos, ou seja, são do mal, fazem coisas erradas por convicção e ponto. 20% são aderentes aos padrões éticos, ou seja, têm um caráter bom, são incorrompíveis e do bem. Por fim, a grande maioria, 70%, são produto do meio. Em outras palavras. Dançam de acordo com a música. Se o ambiente permitir, cruzam a linha da moral e da ética e fazem coisa errada. Se estiverem em um ambiente correto e com pessoas corretas, fariam o mesmo.
Um ex-aluno meu de MBA faz um trabalho de prevenção às drogas e criminalidade em comunidades carentes de Campinas. Certa vez, quando me contava um pouco sobre os bastidores do seu trabalho, me disse o seguinte: “Marcelo, nas escolas de periferia a tentação para o mal caminho é muito grande. Há jovens com muito potencial e uma base ética muito boa, mas a tentação de ir para o caminho errado é enorme. É como se todos estivessem meio em cima de um muro. De um lado, o trabalho, os estudos e a carreira. Do outro, as drogas e a criminalidade. O que eu faço é tentar puxa-los para o lado certo.“
Pesquisas comportamentais e estudos de neurociência recentes apontam para estatística anterior. Ou seja, somos mais produtos do meio do que imaginamos. Isso nos leva a diversas reflexões sobre como devemos gerenciar a nossa vida, como educar os nossos filhos e orientar a nossa equipe de trabalho. Como indivíduos, devemos nos cercar de coisas positivas e de pessoas boas. Como pais, devemos ajudar os nossos filhos a escolherem as melhores companhias e bons relacionamentos. Agora, como gestores e líderes de equipe, temos a obrigação de criar ambientes saudáveis, movidos pela meritocracia e pelas atitudes corretas. Se o ambiente influencia, vamos tratar de criar bons ambientes. Se pessoas do mal influenciam, vamos nos afastar delas e tirá-las das nossas equipes e dos nossos ciclos de relação.
Nossas avós já sabiam disso há anos. Esta sabedoria não é recente. Entretanto tem gente que ainda insiste em tentar colher bons frutos ao lado de pessoas nem tanto. A vida não é assim. Até o próximo!