- Bom dia, Joana. Como andam as coisas? – perguntou Pedro, sentando-se na mesa do café da empresa com cara de poucos amigos.
- Oi, Pedro, comigo tudo bem. Mas a sua cara está péssima. O que houve? – questionou a amiga fiel Joana, já segurando forte a mão do Pedro.
- Ah, sei lá, Joana. Hoje acordei meio estranho.
- Já sei, já sei. Foi de novo algo com o William, acertei?
- É, isso mesmo, pra variar. Isso está me consumindo. Tenho acordado com a sensação de que preciso resolver essa questão. Penso nele há dias. Mas, por outro lado, não sei se devo falar com esse idiota.
- Chega, Pedro, nem comece! Já falamos disso inúmeras vezes e você sabe a minha opinião de amiga. Mas você quer que repita, eu repito: Vocês dois sempre foram carne e unha, amigos inseparáveis. Esse problema foi sério, mas não acho que deveria encerrar uma amizade tão bonita e duradoura. Vocês precisam sentar, conversar, lavar a roupa suja e seguir em frente. Essa mágoa passa, pode acreditar.
- Não sei, não sei... Ele me acusou de algo muito sério e isso destruiu boa parte da nossa amizade.
- Sei disso! Mas, entenda que todos nós podemos errar. Ele já pediu desculpas e disse inúmeras vezes que gostaria de ter a sua amizade de volta. Vamos lá, dê esse passo! Ele está esperando. Tenho certeza de que vocês conseguem reconstruir o que tinham.
- É, acho que você tem razão. Não vou conseguir viver com essa questão mal resolvida. Ontem quase peguei o telefone e liguei para ele. Você acha que está na hora ou seria melhor eu esperar mais algumas semanas?
Um silêncio eterno tomou conta da conversa. Joana ficou pálida, olhando para o telefone que não parava de mostrar mensagens via whastapp. Quando a primeira lágrima caiu, ela levantou o rosto e olhou para o teto, já aos prantos.
- Joana, o que houve? Algo sério? Conta? Pelo amor de Deus, o que houve?
- Você não vai acreditar. O William sofreu um acidente... e foi grave.
- Como? O William? Como assim? Mentira! Como assim?
- A Carla acaba de me mandar um whatsapp. Ele sofreu um acidente de carro agora há pouco. Meu Deus! Ele morreu, Pedro! – disse Joana soluçando e enxugando um rio de lágrimas.
- Meus Deus! Não pode ser. Logo agora! – Disse Pedro, atônito...
- Vamos, pegue as suas coisas! Vamos para lá. não demora, Pedro! Desta vez não...
Pois é, a vida é assim – “Uma vela no deserto”. Um vento e... tchau!
Sempre faço questão de enfatizar nas minhas aulas de planejamento de carreira que o tempo é o recurso mais escasso que temos, porque diferente do dinheiro, nunca sabemos quanto tempo mais teremos para realizar o que queremos e, principalmente, o que postergamos. Qualquer um de nós pode dormir e não acordar. Assim é a vida, frágil.
Sabe essa questão mal resolvida entre os dois, que ficou sendo postergada por orgulhos bestas? Vai continuar mal resolvida, infelizmente. O tempo, neste caso, foi cruel com o nosso caro Pedro. E ele agora vai ter que dormir com essa pro resto da vida. “Por que demorei tanto para tomar essa decisão?”.
Parece clichê, e é, mas hoje fica mais uma provocação para aqueles que ficam adiando projetos, conversas, visitas a amigos, familiares ou qualquer outra ação concreta que envolva outras pessoas. Cuidado! Se você demorar demais, pode ser que o tempo olhe feio pra você e resolva lhe pregar uma peça. Até o próximo!