Mais uma vez fugi do carnaval. Meus amigos mais próximos sabem o quanto gosto de fugir dele, principalmente das grandes “muvucas”. Desta vez, fui apresentar a cidade de Gramado, na Serra gaúcha, para a minha filha. Ela voltou encantada. Fazia quatro anos que eu não pisava na cidade do Natal Luz. Achei que não teria grandes surpresas e fui com o espírito de ver mais do mesmo e curtir a felicidade da Júlia. Puro engano. Gramado conseguiu me surpreender, e muito.
As ruas sempre limpíssimas, todas as lojas, restaurantes e parques muito bem decorados e cuidados, os canteiros sempre com flores, os jardins impecáveis, tudo limpo e lindo. Novos restaurantes, novos parques como o fantástico Snowland, novos museus como o Museu da Moda e o Museu de cera. E o mais marcante de Gramado, o atendimento nota mil. Dos guardas que cuidam do estacionamento público, aos atendentes do hotel e dos restaurantes, todos mais do que cordiais, encantadores. Educados, sempre com sorriso no rosto, atentos a você e ao que fala, solícitos ao dar uma informação, profundos conhecedores do que estão vendendo ou divulgando e imbuídos em fazer com que qualquer pessoa saia de Gramado profundamente satisfeita.
Quem conhece Gramado e já viajou para outros lugares do Brasil sabe do que estou falando. A diferença é brutal. Gramado deveria ser a escola de turismo do Brasil. Ali estão os melhores, em todos os quesitos. Pena que seja um caso raro em um país onde o turismo poderia ser uma marca mundial e não é. A cada nova experiência em Gramado eu me perguntava: “Como eles conseguem?”
A resposta é mais simples do que parece: Foco e Excelência. Gramado vive de turismo. Mas outras cidades no Brasil também vivem. Isso só não basta. O que Gramado decidiu foi viver de turismo e buscar a excelência em tudo o que faz. Aí sim, deu no que deu. Conversando com alguns atendentes, manobristas no hotel, garçons e outros, pude perceber que todos foram muito bem treinados. Horas e horas de treinamento, por menor que seja a empresa onde trabalham.
O resultado? Cidade sempre cheia, hotéis lotados, um calendário de dar inveja (Páscoa, festa do Morango, Festa do chocolate, Festival e inverno, Natal Luz e por aí vai). Cidade vibrante e crescendo de forma ordenada, pensada e planejada. Lá não se vê mendigo na rua e nem pessoas pedindo dinheiro nos semáforos.
Gramado deixa uma lição para a nossa carreira. Mas qual será? Tenho falado muito disso e não me canso de repetir. Quer ter sucesso em algo? Foque naquilo e execute tudo como se fosse a última coisa que fosse fazer na vida. Em outras palavras, tenha foco e busque a excelência naquilo que escolher. Ser ótimo em alguma coisa é melhor do que ser bom em várias. Neste século, esse é o único caminho. Com o nível de concorrência que enfrentamos hoje no mercado e na carreira, quem não for muito bom em algo está fadado a um mero papel coadjuvante. Ao contrário, quem souber escolher as competências com as quais irá fazer a diferença onde trabalhar, estará sempre um passo à frente dos seus pares no mercado. Já dei a dica aqui em artigos anteriores: Ninguém escapa de uma pergunta em entrevistas de emprego para vagas de gestão: “Onde você faz a diferença?” O meu amigo Luis Rasquilha tem uma versão mais cruel para esta pergunta: “O que você tem que mais ninguém no mercado tem?”
E aí? Qual é a sua resposta? Onde você se destaca? O que faz melhor do que a média do mercado? Que aposta uma empresa pode fazer em você e que não vai se arrepender? A cidade de Gramado, mesmo não sendo uma pessoa, tem a resposta. Se é possível uma cidade, que depende de inúmeras entidades (poder público, empresários e pessoas), ter uma resposta clara e objetiva, você também tem que ter. Diferente de Gramado, você não depende de outros para criar seus diferenciais e deixar a sua marca. Mãos à obra! Até o próximo!