“O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo”. (Friedrich Nietzsche)
Como segundo pano de fundo para as discussões sobre carreira, sucesso e competências que teremos neste espaço, quero tocar em um assunto bastante intrigante. Talvez até um pouco mais do que o tratado no artigo anterior. hoje quero discutir e opinar sobre uma das perguntas que mais ouço quando discuto o tema “Carreira e sucesso” com as pessoas. Por que uns chegam lá e outros não?
O que você acha? Por que uns chegam lá e outros não?
Entender claramente o que está por trás do sucesso das pessoas, independente da sua área de atuação, é a base para que qualquer um acredite ou não que também possa fazê-lo. Sem esta clareza, as adversidades vão sempre falar mais alto, com a intenção de nos convencer de que o topo é um lugar para poucos e predestinados. Quem acredita nisso, apague a luz quando sair. E nem precisa continuar lendo este artigo.
Eu não tenho nenhum tipo de preconceito ou rejeição a nenhuma religião. Conheço a base de várias, respeito todas e tenho a minha. Também não sou contra a sorte. Quando ela me ajuda (raramente), agradeço de joelhos. Mas nunca, nunca mesmo, entreguei o meu futuro profissional ao destino, à sorte ou ao meu Deus. Sei que esta frase é polêmica e pode até incomodar alguns, mas para mim, o futuro das pessoas precisa ser construído pelas pessoas e por ninguém mais. Quando o assunto é carreira, acredito na meritocracia e em nada mais.
Por que acredito nisso? Porque sim. Porque acho que assim as coisas ficam mais fáceis. Trata-se de fé. Creio e ponto. E digo mais. Embora não consiga provar cientificamente, até porque questões ligadas a fé não se provam, prefiro ficar com as estatísticas e com os testemunhos de quem chegou lá.
Em 2006 e 2009 nós conduzimos na ESAMC uma pesquisa com quase uma centena de líderes empresariais, de todos os setores e tipos de empresas. Esta pesquisa tinha como objetivo mapear as competências necessárias para o sucesso como executivo ou empresário. Nela, utilizando a metodologia de entrevista de profundidade, nós pudemos ouvir atentamente o que pessoas que chegaram lá nos disseram sobre “o caminho das pedras”. Sobre o que alguém precisa ter e/ou desenvolver para atingir posições de liderança no mercado. Este foi, sem sombra de dúvidas, um dos maiores aprendizados de toda a minha vida profissional. Nunca ouvi com tanta clareza o caminho para o sucesso ser tratado de forma tão simples, direta e compreensível a qualquer ser humano com mais de dois neurônios.
Por que cito esta pesquisa como o meu pilar de defesa? Simples. Quando quero aprender sobre um determinado assunto, quero ter certeza de que a pessoa que está “falando” dele tenha o que chamo de “Autoridade moral” para tal. É mais ou menos assim. Se você fosse competir nas próximas olimpíadas nos 50 m de natação, com quem você iria querer treinar? Pense. Se pensou no Cesar Cielo, provavelmente você, assim como eu, quer aprender com quem fez e não com quem fala, estudou a vida toda ou escreveu 10 livros sobre o assunto. Com todo respeito aos estudiosos, mas eu prefiro aprender com quem fez. No caso desta pesquisa, falamos com quem chegou lá. A partir dela, passei a ser radical na minha crença em meritocracia.
Eles foram muito, muito claros sobre esta questão. Não houve um relato sequer quem não tivesse o mérito como caminho. As palavras sorte, destino e mão divina praticamente não foram ouvidas. O que se ouvia eram relatos de muito trabalho, dedicação e busca por desenvolvimento de competências e auto-conhecimento. Desta pesquisa saiu a base para o desenvolvimento do modelo pedagógico da ESAMC, 100% baseado no desenvolvimento de competências – técnicas, comportamentais e gerenciais.
O resumo de tudo pode ser dito em uma frase. “No longo prazo, a meritocracia é quem manda”. Em outras palavras, colhemos o que plantamos. E quem diz isso é nada mais nada menos do que quem chegou lá.
Você pode estar se lembrando agora de alguns colegas ou conhecidos que “subiram” não por mérito, mas por outros meios, até mesmo usando a cabeça de alguém como degrau da escada. E deve estar se perguntando. E essas pessoas? Como se encaixam nesse raciocínio? A minha resposta, também baseada no que vi ao longo de toda a minha carreira, é que no curto prazo estas “coisas” podem até funcionar. Mas no médio e longo prazo, não. Aposto com qualquer um que um dia eles vão cair. Pode demorar, mas vão. Porque no longo prazo, é o trabalho sério e as competências que serão premiadas.
Mas, como eu disse desde o começo, trata-se de fé. Acreditar na meritocracia é quase como acreditar em um determinado Deus. É pegar ou largar. Pense e decida.
Até o próximo!