“Bom senso e bons resultados. O resto é perfumaria”
Tenho recebido diversas sugestões de temas por parte de leitores assíduos, aos quais agradeço publicamente pelas dicas de assuntos. Hoje quero tratar de um deles, tema relativamente polêmico e que causa muitos atritos, desgostos e até demissões nas empresas – o uso de celular e internet no ambiente de trabalho.
É óbvio e simples de entender que, no horário de trabalho, devemos trabalhar. Mas sabemos que ninguém, absolutamente ninguém, produz com qualidade continuamente durante horas. Todos nós precisamos de algumas pausas, até porque precisamos beber água, ir ao banheiro, tomar um café etc. Nestas pausas, todos aproveitam para checar algo na internet, ler emails pessoais, retornar uma ligação, resolver um problema pessoal por telefone ou checar as redes sociais. Nada de errado, concorda?
Além disso, tenho sempre feito uma grande provocação aos gestores no seguinte sentido: Quem garante que alguém que esteja sentado na frente de um computador, com cara séria e concentrada, está produzindo algo? Aliás, ouço muitas histórias de pessoas que produzem muito pouco no horário regular e depois ficam solicitando horas extras para concluírem o trabalho. Da mesma forma, quem garante que alguém que esteja olhando para o celular está no facebook e não em um site checando algo relacionado ao trabalho? É difícil avaliar e julgar estas dimensões. Nem sempre as coisas são o que parecem. Por isso tenho sido um franco defensor de que precisamos olhar mais para o resultado e menos para o processo, principalmente quando estivermos avaliando profissionais de áreas administrativas. Em linhas de produção de fábricas, até concordo que esta regra possa não valer tanto, mas em outras áreas não tenho a menor dúvida.
Quem trabalha comigo sabe que não fico controlando horário de ninguém, checando se está na frente do computador com cara de inteligente ou no café da empresa. Isso não me interessa. Quero que estejam presentes e pontuais nos compromissos que temos (reuniões, eventos etc) e ponto final. Fora isso, quero resultados. Tenho muita clareza e compreensão de que algumas pessoas produzem mais e melhor pela manhã, outras à tarde e outras à noite. Portanto não creio ser inteligente da minha parte ficar querendo enquadrar pessoas diferentes em padrões iguais. Isso é uma tolice.
Por outro lado, entendo perfeitamente que há pessoas que abusam quando têm essa liberdade. Ficam muito tempo no celular, fazem muitas pausas desnecessárias, saem muito do ambiente de trabalho e passam muito tempo na internet claramente cuidando de assuntos pessoais. Isso transmite uma mensagem ruim para a equipe e causa sempre atritos, fofocas e comentários.
Qual é a (única) solução para esta questão? Ao meu ver, todos, líderes e liderados, devem ter sempre em mente duas coisas: Bom senso e bons resultados. Acho até que uma equipe possa estabelecer alguns padrões e regras de conduta em relação ao tema, desde que estas permitam que as pessoas tenham um pouco de liberdade para usarem o tempo da forma como melhor se sentirem e que os resultados estejam sempre acima de qualquer coisa. Com isso, acredito que seja possível construir um ambiente produtivo e, ao mesmo tempo, leve, descontraído e sem a contabilidade burra de quanto tempo a pessoa passa efetivamente “trabalhando”.
Se você é líder e está incomodado com algumas posturas em relação a este tema, chame a sua equipe, diga isso com assertividade e negocie algumas regras junto com eles. Se você faz parte de uma equipe e não é o líder, procure usar o celular e a internet com moderação e sem atrapalhar o trabalho dos outros colegas. E, acima de tudo, entregue sempre ótimos resultados, porque quem entrega bons resultados será sempre menos questionado em relação ao uso do seu tempo. Até o próximo!