“Não questione um dano causado ao outro. Desculpe-se e ponto”
Sabe aquele período onde um tema impera e parece te perseguir? Pois bem, nesta última semana houve um desses na minha vida. Cinco situações que presenciei, em menos de sete dias, onde o pano de fundo era rigorosamente o mesmo. Alguém faz (ou diz) algo que magoa muito outra pessoa, ou faz comentários rasos e equivocados sobre o trabalho de outro. Esta segunda pessoa, a vitima, fica triste, manifesta a sua insatisfação/decepção e ainda tem que ouvir: “Nossa, não achei que isso fosse te magoar tanto. Você não acha que está exagerando?”.
Conhece histórias semelhantes? Provavelmente até já passou por isso. Pois bem, vamos analisar o fenômeno em linhas gerais, sem entrar em detalhes em nenhum caso específico. Para alguém magoar outra pessoa e ainda fazer esta pergunta, responda-me: O que está lhe faltando e que representa um erro gravíssimo? Pare um pouco e pense.
A melhor forma de responder é a seguinte: Você pega um vidro de pimenta, joga no olho de alguém e fica se perguntando o porquê do grito ou da dor. Entendeu? Esta metáfora resume tudo. O único detalhe (sórdido) que explica a pergunta absurda é que os olhos não são os seus. Se fossem, a conversa seria um pouquinho diferente, não acha? De fato, pimenta nos olhos dos outros não dói nos meus.
Tenho escrito muito sobre esta palavra mágica chamada EMPATIA, que é pouco conhecida, compreendida e usada. Esta é a palavra que vejo ser usada com muita economia, quando na verdade deveria ser usada sem economias. Tenho até dito para algumas pessoas próximas que acredito tanto na força desse termo que se 10% da população mundial aplicasse diariamente, metade dos problemas da humanidade seriam resolvidos. Mais uma vez, chovendo no molhado, empatia significa você pegar os seus pés e colocar no sapato do outro. Ao fazer isso, você saberá exatamente onde dói. Empatia é se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro, avaliar as coisas com os olhos e com os sentimentos do outro. Não é fácil, mas é o (único) caminho para se construir relacionamentos duradouros, sejam eles profissionais ou pessoais. Quem não desenvolve esta habilidade, vive pisando na bola, vive magoando outras pessoas. Muitas das vezes, sem perceber e sem maldade, mas quando vê, pimba! Deu uma bola fora e perdeu pontos com alguém. E isso, como prática corrente, acaba minando várias coisas ao longo do tempo, dentre elas a confiança.
O grande desafio é, além de entender claramente que as pessoas são diferentes e possuem sentimentos diferentes, estar sempre 100% concentrado para não cometer deslizes dessa natureza. É preciso sempre se perguntar “Como eu me sentiria se fizessem isso comigo?”. Este já é um bom começo. Se as pessoas se fizessem essa pergunta várias vezes ao dia, garanto que não fariam ou falariam várias coisas que geram desgosto e decepção em outras. Não é difícil, mas dá trabalho. Exige atenção e concentração, coisas que poucos estão dispostos a ter.
Minha dica dessa semana é esta. Fique atento. Liste e escreva as 10 coisas que mais te magoariam se fizessem com você. Comece por aí e concentre-se para não fazer o mesmo com outros. O segundo passo é listar as pessoas mais importantes da sua vida pessoal e profissional e escrever as mesmas 10 coisas que mais as magoariam ou as decepcionariam. De novo, concentre-se e nunca faça ou diga estas coisas. Não é difícil. Conhecimento, atenção e concentração. Estes são os ingredientes para se ter empatia. Quem tem, vai longe e sempre ganha pontos. Quem não tem, vive dando bola fora e acumulando saldo negativo na conta corrente dos relacionamentos.
E se algum dia, por falta de concentração ou outra infelicidade qualquer, você pisar na bola com alguém, não faça outra coisa a não ser pedir desculpas. Pelo amor de Deus, nunca queira minimizar o dano ou pergunte se a pessoa não está exagerando. Por favor, não faça isso. Afinal, a pimenta não caiu nos seus olhos. Entendeu? Até o próximo!