“Só encontra quem procura”
Quero começar este artigo dizendo que ele é uma continuação do anterior (Artigo 17 – Empreendedorismo). Caso não o tenha lido, por favor, faça isso antes de continuar.
No artigo anterior, explorei o conceito e os atributos da competência comportamental que, na minha visão, define quem vai entrar para a história e quem vai ser esquecido por ela. A competência dos que realizam grandes feitos, daqueles que não se contentam com pouco, a competência dos ambiciosos (no sentido positivo da palavra). O nome dela é Empreendedorismo. Vamos relembrar aqui a sua definição e os seus atributos:
Definição:
“Capacidade de visualizar oportunidades, calcular e assumir riscos, e implantar planos e projetos que gerem valor”
Atributos:
- Capacidade de visualizar oportunidades;
- Competência para calcular o risco desta oportunidade e coragem para assumi-lo;
- Capacidade de elaborar um plano para aproveitar esta oportunidade;
- Capacidade de implantar o plano criado.
Hoje eu quero explorar o atributo número 1 - A capacidade de visualizar oportunidades. Este atributo pode parecer, analisando os quatro numa sequência lógica, o que define se uma pessoa pode ou não ser empreendedora. É bastante razoável achar que, se eu não conseguir desenvolver este primeiro atributo, dancei. – Como calcularei o risco de uma oportunidade e elaborarei um plano se não conseguir identificá-la? No final desta série eu mostrarei que a coisa não é bem assim. Entretanto, desenvolver este atributo representa um passo importante para que você possa dar início a um ciclo de vitórias na sua vida profissional.
Bom, mas vamos à seguinte questão: Como identificar oportunidades? Quando analisamos casos de pessoas que descobriram algo novo e atingiram o sucesso com esta idéia, é muito comum ouvir, ou até mesmo nos fazermos perguntas do tipo: - Como ele(a) teve esta idéia? – Como descobriu isso? Em outras palavras, coisas novas parecem ser frutos de mentes brilhantes, de pessoas com um nível de inteligência superior às demais. Mas, ao analisarmos historicamente tais casos, podemos concluir com certa facilidade que, com raríssimas exceções, nós temos a sensação de que, com o passar do tempo, aquilo seria descoberto mais cedo ou mais tarde. Se não fosse aquela pessoa, outra o faria. Isso nos leva a uma conclusão: As pessoas só usufruíram desta oportunidade melhor que outras porque foram as primeiras a encontrá-la. Este é bônus do pioneirismo. E ele á alto, obviamente quando a idéia é boa. Chegar primeiro representa muito. Nunca duvide disso!
Quando conheci, após a longa pesquisa que conduzimos na ESAMC com líderes empresariais, estes atributos da competência Empreendedorismo, fui invadido por uma inquietude enorme. Há quatro anos busco observar o comportamento de pessoas que considero empreendedoras para tentar identificar um padrão de atitudes que pudesse ser desenvolvido em outras pessoas. Em alguns casos encontrei algo. Em outros, não. Porém, neste atributo em particular, creio que encontrei a palavra que deve servir de base para o desenvolvimento desta capacidade de visualizar oportunidades – CONDICIONAMENTO.
Não sou psicólogo e creio que se algum psicólogo estiver lendo este artigo, vai dar boas risadas pela minha incapacidade de usar termos mais apropriados ou tecnicamente mais corretos. Mas, com base em um conhecimento empírico, acredito que este atributo pode ser desenvolvido através de uma atividade que, se bem realizada, pode funcionar bem. Eu já testei este exercício com vários alunos da ESAMC e garanto que funciona na maioria dos casos.
A atividade é a seguinte: Por 90 dias ininterruptos, incluindo sábados, domingos e feriados, eu proponho que você escolha todos os dias uma fonte de informação, busque nesta fonte um fato relevante e identifique uma oportunidade que este fato pode trazer. Você deve registrar (isso é importante) a data, o fato e a oportunidade em um caderno (ou arquivo no computador) por escrito todos os dias, durante os 90 dias. As fontes de informação podem ser: jornal, revista, portal de informações, programa de rádio, de TV etc. Os fatos podem ser: uma tragédia da natureza, uma mudança de governo, um evento importante em uma cidade, uma falência de empresa, uma descoberta científica etc. Ao escolher um fato, busque nele uma oportunidade que possa ser aproveitada. Esta oportunidade pode estar associada a ganhar dinheiro, ajudar alguém, informar alguém, iniciar um novo projeto, iniciar uma nova empresa etc. Não há regras. O objetivo não é, durante estes 90 dias, ter idéias brilhantes. Na verdade, as primeiras provavelmente não serão muito boas. Mas você não precisa compartilhar isso com ninguém. Este é um exercício seu. Unicamente seu.
Se você for disciplinado(a) e fizer isso por 90 dias, verá que, aos poucos, a sua mente irá se condicionando a procurar oportunidades em tudo. É como se a sua mente se acostumasse com esta dinâmica de não olhar para os fatos da vida como simples fatos, mas como eventos que podem trazer oportunidades. Ao praticar e desenvolver este atributo, você logo verá que, ao contrário das pessoas que não andam com as antenas ligadas, você passará a ser um(a) caçador(a) de oportunidades e, como diziam as nossas avós, “Quem procura, um dia acha”. Tente. Custa pouco e pode dar um retorno enorme.