“Conhecimento sem atitude é como uma Ferrari com motor de fusca”
Há uma semana tive a honra de assistir uma palestra do meu amigo Ricardo Basaglia, Diretor da Michael Page, a maior empresa de recrutamento do Brasil. Nela, ele compartilhou um pouco da sua experiência e visão sobre as atuais e futuras demandas do mercado em relação a executivos. E vamos combinar uma coisa, se tem alguém que pode dar uma bela visão do que as empresas querem (e não querem) em termos de competências na hora de contratar alguém, é uma pessoa que vive diariamente recrutando profissionais para empresas.
Durante a sua fala, ressaltou alguns pontos muito importantes com relação a currículos, educação continuada, fluência em inglês e competências. Uma frase, que embora não tenha soado para mim como novidade, em função dos meus oito anos de estudos sobre gestão de carreiras, chamou a atenção de todos que o ouviam. Ele citou uma pesquisa recente que apontou o seguinte dado: “90% das pessoas são contratadas por questões técnicas e demitidas por questões comportamentais”. Ou seja, na hora da contratação, as competências técnicas são preponderantes. Já na demissão, os motivos são comportamentais e não técnicos. Estranho? Não. Por mais que o número assuste, não há nada de estranho neste fato. Para entendê-lo melhor, vamos visitar os conceitos.
Competências técnicas são os conhecimentos relativos à área de atuação de um profissional. Elas representam o “Saber”. Um bom dentista precisa saber aplicar uma anestesia, extrair uma cárie, restaurar um dente e assim por diante. Um gerente financeiro precisar saber avaliar a saúde financeira de uma empresa através de demonstrativos (balanço, DRE), precisa saber fazer um orçamento, calcular custo de dinheiro etc. Tudo isso, para cada profissão e cada cargo, aprende-se estudando e praticando. Quanto mais experiência, melhor. E as empresas querem sempre os melhores, tecnicamente falando, quando contratam. No currículo, a formação acadêmica, os cursos de atualização e a experiência profissional contam muito na hora da contratação. Ou seja, o conhecimento técnico é uma “promessa” de um bom trabalho.
Competências comportamentais são os padrões de comportamento de uma pessoa. Elas representam o “Ser”, ou seja, as atitudes que um profissional tem no ambiente de trabalho e quando está representando a empresa e/ou a sua equipe. As principais competências comportamentais são: flexibilidade, equilíbrio emocional, relacionamento interpessoal, confiabilidade, ética, empatia e respeito à diversidade cultural. Estas sete competências comportamentais representam o motor deste carro chamado “profissional de sucesso”. São elas que conseguem transformar conhecimento em resultados. Sem elas, um profissional, por mais competente que seja tecnicamente, não consegue construir e gerenciar equipes de alto desempenho e, portanto, apresentar resultados continuamente acima da média.
Por isso, sempre digo que precisamos entender um profissional de sucesso não apenas como alguém muito bom no que faz, mas alguém que consegue, através de um conjunto de atitudes e comportamentos, inspirar, alinhar e construir equipes de alto nível e desempenho. Nunca duvide disso. Não são somente linhas de cursos no currículo que vão determinar o futuro da sua carreira. Conhecimento é importante, mas sem as atitudes corretas, não passam de uma bela embalagem. Até o próximo!