“Deveria haver uma lei para insalubridade mental”
De acordo com a lei, é considerada atividade insalubre aquela em que o trabalhador é exposto a agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados pelo Ministério do Trabalho. Quem trabalha em ambientes insalubres recebe entre 10% e 40% de adicional de insalubridade sobre o seu salário, dependendo do grau (mínimo, médio ou máximo). As decisões judiciais são polêmicas, tanto em relação ao nível quanto à base de cálculo para se definir qual deve ser o valor a ser pago além do salário. Mas o fato é: Há ambientes que têm o potencial de deixar as pessoas doentes, como locais com muito pó, muito calor, produtos químicos etc.
Pois bem, nunca, mas nunca mesmo, ouvi tantos relatos de bons profissionais, meus alunos e ex-alunos, sobre aberrações em ambientes de trabalho. Situações recorrentes de grosserias, falta de educação e decisões absurdas por parte de líderes de equipe, que transformam o ambiente em, literalmente, uma fábrica de loucos e de doentes.
Juro que estou espantado e com uma enorme dificuldade de entender o que anda rolando na cabeça de alguns líderes de equipe e gestores de empresas. Os casos chegam a ser hilários, de tão absurdos.
Uma ex-aluna me contou esta semana que acaba de pedir demissão, mesmo sem ter outro emprego em vista, porque um dos diretores da empresa, três níveis acima da sua posição, entrou na sala onde a equipe inteira trabalhava chamando todos de burros. Tudo isso porque um erro, que segundo ela nem era tão grave assim, foi cometido por uma única pessoa desta equipe. Todos foram chamados de burros, em voz alta. E o pior, esta não era a primeira vez que o louco dava esse show bizarro. Ela me disse que na hora sentiu vontade de levantar e mandá-lo para aquele lugar. Não o fez, mas decidiu que não iria mais se submeter a esse tipo de situação porque estava começando a adoecer com esta e outras situações na empresa. Nem vou contar o resto das histórias que ouvi desse maluco.
Este é apenas um caso, entre muitos que têm chegado ao meu conhecimento, às vezes sem acreditar no que estou ouvindo. Vamos combinar uma coisa: Para alguém pedir demissão de uma empresa, mesmo sem ter outro emprego em vista, para ficar em casa, porque simplesmente está ficando doente onde trabalha, é porque a coisa está grave mesmo, concorda? Se fosse um caso ou outro, tudo bem. Mas juro, semanalmente um novo testemunho chega ao meu conhecimento. Tem algo muito estranho acontecendo. Alguém me explica?
Não tenho feito pesquisas nesta área e não me sinto no direito de levantar uma tese aqui para explicar o fenômeno. O fato é que, mesmo em um cenário de quase pleno emprego, onde a disputa por profissionais qualificados está muito grande, há empresas que estão abrindo a porta e dizendo aos melhores talentos: “Vão embora porque isso aqui é uma fábrica de loucos!”. Será que alguém, em sã consciência, acha que as pessoas estão dispostas, só porque recebem um salário, a engolir sapos e serem tratadas como se fossem sacos de pancada? O pior é que sim. E não são poucos.
A única solução você sabe qual é. Já falei aqui várias, várias vezes. As empresas, em sua grande maioria, estão errando muito na escolha dos seus líderes. Mais muito mesmo. A quantidade de gente despreparada, principalmente para gerenciar pessoas, em cargos de liderança é assustadora. Conheço vários e já convivi com vários. Pessoas que, na minha visão, deveriam ser exportadas para outro planeta. Verdadeiros loucos, tiranos e que não têm a menor noção do que é liderar uma equipe.
Então, só me resta brincar com essa tragicomédia. Já que não querem resolver o problema na sua causa essencial, que é a escolha correta de pessoas para os cargos de liderança, que paguem um adicional de insalubridade para todos os funcionários que tenham chefes loucos, sem preparo e sem equilíbrio emocional. Que tal? Acho justo. Ah, no grau máximo (40%), é lógico. Até o próximo!